Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Busca por anunciantes motivou acordo de SBT, Record e RedeTV! com TV paga

Silvio Santos (SBT), Edir Macedo (Record TV) e Amílcare Dalevo (RedeTV!)

Com decisão mal anunciada nesta sexta, a semana fechando e um feriado prolongado em andamento, os sinais de transmissão de SBT, RedeTV! e Record TV voltaram hoje mesmo às operadoras NET e Claro, completando seu circuito de exibição para assinantes de TV da Sky e da Vivo. O retorno nessas operadoras já significa a chance de resgatar a maior fatia dos pagantes de TV perdidos lá em abril, quando o sinal digital passou a exigir autorização dos canais abertos para serem exibidos na TV paga. Na ocasião, as três emissoras acharam que era hora de cobrar pela boa audiência que dão ao segmento pago – mesmo sendo gratuitos, Globo, SBT e Record ainda ocupam os três primeiros lugares no ranking mensurado pela Kantar IBOPE Media e pela Gfk no line up da TV paga.

Foi uma queda de braço que durou cinco meses. A crise, pavimentada por uma queda relevante na receita publicitária de modo geral, incentivou RedeTV!, Record e SBT a reverem suas posições de cobrança às operadoras de canais pagos. O preço, que era R$ 15 por assinante no início da conversa, virou R$ 1 no final. E nem R$ 1 as operadoras queriam pagar.

Se alguns dos grandes anunciantes (de contas públicas, como Petrobrás, Caixa, Governo Federal, a anunciantes privados, como JBS, Oderbrecht, OAS e Camargo Correia, etc.) já estavam na retração de investimentos por questões políticas e econômicas, a saída desses canais da TV paga agravou o cenário. A perda de seus consumidores de maior poder aquisitivo causou mais desânimo a quem ainda financiava seus intervalos comerciais.

Para as operadoras, que também perdem assinantes convulsivamente de dois anos para cá, o prejuízo do rompimento era menor, mas, a essa altura, não convém dar motivos extras para o cancelamento do serviço. Acreditava-se também que a vinda do sinal digital provocaria a perda daqueles clientes que assinam um serviço de TV só para ter um sinal melhor. A transmissão melhorou substancialmente, mas ainda sofre, como no caso do sinal pago via DTH (Sky, Claro e afins) alguma interferência climática, diferentemente da transmissão via cabo (NET), muito mais estável e talvez menos dispensável do que se imaginava que seria com a chegada da TV digital gratuita.

Dito isso, as partes (SBT, Record e RedeTV! via Simba, empresa que une as três redes, e NET/Claro) se acertaram.

O prejuízo foi maior para a Record, o que agora se reverte num bom cartão de visitas para a emissora: significa dizer que ela tem um público de maior poder aquisitivo, na média geral, do que SBT e RedeTV!

As três emissoras já publicaram anúncios para lá e para cá falando de seus retornos à NET, Claro e Sky. Agora, é trabalhar pela volta do dim-dim e torcer por dias melhores, inclusive honrando o pagamento de assinaturas que certamente não ligam a TV no horário nobre ou na madrugada para assistir a pregações religiosas. Até porque, a partir daqui, algum dinheirinho novo há de entrar. Se o custo por assinante para a Simba for de apenas 1 real, teremos 18 milhões de reais entrando no caixa da firma. Das três, o SBT é a única que não se permite ser financiada pela fé eletrônica.

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Cristina Padiglione

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