Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Prêmio Multishow lidera audiência na TV paga

O Multishow recebeu hoje o balanço da audiência da transmissão ao vivo da 23ª edição do Prêmio Multishow. Foram 2,5 milhões de telespectadores ligados num período de 3 horas de transmissão, entre 21h50 da terça e 0h52 de quarta-feira. Na média, passaram pelo canal 8– mil pessoas por minuto nas 15 regiões metropolitanas onde o Kantar IBOPE Media mensura a audiência de TV. Líder na TV paga, foi também Trending Topic no Twitter, com 1,4 milhão de tweets no Brasil, até as 4h da manhã de quarta.  Anitta, Luan Santana, Ivete Sangalo, Tatá Werneck e Joelma foram os artistas mais comentados na plataforma do passarinho azul.

Como mencionei aqui há dois dias, o evento ganhou visível up grade, o que pode até ter vindo de um investimento maior, mas também de anos e anos de experiência, conhecendo erros e acertos, causas e consequências, melhores e piores momentos, até alcançar um bom resultado.

Quando a MTV era um canal aberto e promovia seus adoráveis VMBs, éramos todos craques em dizer que a festa de premiação da música na MTV era infinitamente melhor que a do Multishow. E que o Multishow vivia a copiar as ideias da MTV no ano seguinte, ficando sempre atrás do outro canal. De fato, era o que acontecia. A MTV sabia como surpreender a audiência. Convocava Hebe Camargo, Raul Gil ou Chitãozinho e Xororó para entregar prêmios. Mais segmentada e bem menos eclética que o Multishow é hoje, brincava com personagens não frequentados pela plateia do canal.

Acabou-se a MTV aberta e, com ela, o VMB (Video Music Brasil, versão do Video Music Awards, premiação da MTV americana). Eram de fato as melhores festas ao vivo. Nada dava errado. Quando deu, deu muito errado, e foi bem com Caetano Veloso, que àquela altura se apresentava com David Byrne e enfrentou uma microfonia demoníaca. O episódio gerou um “meme”, termo inexistente na época, não na internet, que ainda engatinhava no Brasil, mas no boca a boca e nos jornais e revistas, que naquele tempo ainda eram muitos. Então Caetano dizia: “Pessoal da Emetevê, vergonha na cara, vamos começar de novo, e bota essa porra pra funcionar! Mais respeito!” A frase acabou dando título ao livro que o ex-diretor de programação da MTV, Zico Góes, lançou, após o fechamento da emissora: “Bota essa porra pra funcionar!” Selton Mello, meste de cerimônias daquele ano, tentou brincar com a situação e repetiu a bronca de Caetano.

Mesmo após o fim do VMB, em 2012, o Prêmio Multishow não ganhou, de imediato, o mesmo respeito e pagação de pau que o meio fonográfico e artístico dedicavam ao VMB. Há, é claro, um fator de escolha do Multishow nisso: agradar o público, mais que imprensa ou queridinhos da música brasileira. O Prêmio Multishow sempre flertou melhor com o samba, o sertanejo e o funk. O VMB era mais rock’n roll. Usava sertanejo como alegoria da festa. Mas hoje, é possível dizer que o Prêmio Multishow agrada a massa e os queridinhos, cativando respeito a todos os gostos e tribos, ainda que o voto popular, mais afeito a Luan Santana e Anitta, se sobressaia.

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Cristina Padiglione

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