Murilo Benício sugere à Globo versão nacional da série ‘Dr. Foster’
Após comprar os direitos para produzir uma versão nacional da série “Doctor Foster”, do inglês Mike Bartlett, da BBC, Murilo Benício e Débora Falabella levaram o projeto ao conhecimento da Globo.
“Minha obrigação, como contratado da casa, era mostrar para eles esse projeto, então levei para eles lá, mas não tem nada fechado”, avisa.
O acordo com a Globo, no entanto, diz respeito ao ofício de ator, o que libera Benício para produzir ou dirigir o que quiser fora da casa.
O momento também é propício para conseguir realizar outras tarefas, já que ele acabou de gravar mais uma série como ator para a Globo, “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, de Ricardo Linhares, sobre o livro de Edney Silvestre. O título ainda não tem data para estrear, mas deve ser destinado a uma nova plataforma de streaming a ser lançada pela Globo. Débora Falabella também está no elenco.
“Eu acabei de rodar uma série pra eles, agora eu vou filmar ‘Pérola’, ou seja, tem o meu longa antes de fazer ‘Dr. Foster’, e não vou emendar um trabalho no outro na Globo. Se a gente por acaso fizesse ‘Dr. Foster’ na Globo, eu poderia fazer junto com a Débora. Se não for na Globo, tem que ver, ou esperamos o fim do contrato para fazer em outro lugar, ou teremos outros atores, ainda não sei”, disse o ator ao TelePadi durante a Rio Creative Conference (Rio2C), evento de audiovisual que acontece até domingo, no Rio.
A versão brasileira de “Doctor Foster” já conta com a coprodução da Endemol Shine, parceira da BBC em produções de formatos da rede britânica no Brasil – o caso mais conhecido é o “Dancing Brasil”, espécie de “Dança dos Famosos” apresentada por Xuxa Meneghel, na Record.
Convém observar que “Doctor Foster” será a primeira obra dramática da BBC a ganhar versão aqui.
“A história toda aconteceu de uma forma muito curiosa”,conta Benício. “A Débora, que tem uma companhia de teatro há mais de dez anos, fez uma peça chamada ‘Contrações’, e a gente ficou doido com o texto, achou muito genial. Agora, inclusive ela está em cartaz com uma peça chamada ‘Love Love Love’. Aí ela falou: ‘é do mesmo cara que fez ‘Contrações’.’ Fomos ver e o cara era Mike Bartlett. Inglês, e inglês você sabe, né, são esses malucos que vêm lá de Shakespeare.”
Débora então decidiu pesquisar tudo o que o escritor já havia feito, e esbarrou em “Dr. Foster”, em exibição pela Netflix.
“Quando a gente começou a ver, a gente começou a pirar. Acabou o primeiro capítulo e eu falei: ‘é um personagem maravilhoso pra você fazer, e ele tem uma coisa que tem muito a ver com a gente: ele tem um apelo de novela. Só que é escrito de uma maneira brilhante. São só cinco capítulos, e agora na segunda temporada, mais cinco. Novela são 180 capítulos. Aí, você pega um cara brilhante para escrever só cinco episódios, o que acontece? A coisa ao mesmo tempo é muito simples e muito sofisticada.”
O enredo, segundo Benício, fala muito da condição humana, das nossas falhas ou da nossa cultura de ser humano da posse, da traição, da desconfiança, da honra, não são coisas culturais entre ingleses, são universais. Está presente em qualquer um.
As tratativas para conseguir comprar os direitos do título correram com muita rapidez. Para se ter uma ideia, tudo isso ocorreu de dezembro para cá, inclusive a chegada da Endemol ao projeto.
“Doctor Foster” acompanha a tumultuada separação da médica Gemma Foster (Suranne Jones) e do empresário Simon (Bertie Carvel), em uma cidade inglesa média. Os dois eram casados há 15 anos e pareciam se entender perfeitamente, até que ela descobriu o caso dele com uma mulher mais jovem e, pior, filha de um casal amigo. A partir daí, vem a traição mútua, a questão da deslealdade dos amigos, as cenas ridículas que envolvem divisão de bens, a divisão dos filhos, etc.
Dois anos depois, veremos Gemma na mesma casa e atendendo no mesmo hospital. O filho, Tom (Tom Taylor), tem então 15 anos. O ex-marido mudou para Londres om a namorada grávida. Mas o passado não ficou para trás. Simon anuncia que vai voltar voltar à cidade e compra uma casa. Para marcar o momento, ele e a nova mulher celebrarão o casamento com uma festa.
Puxado.
Entrando em cena ou não, o que Benício não quer, de modo algum, é produzir sem recursos financeiros. “A única coisa que eu não quero é fazer sem dinheiro. Não tem esse negócio de ‘vamos fazer por menos’, isso eu não quero. Ou você faz realmente uma coisa que está sendo feita no planeta, e a gente acompanha o mundo, ou a gente não faz, fico lá fazendo minhas coisas na Globo”.