Convidado para evento da FOX, Oliver Stone critica FOX News
Enquanto os americanos votavam para eleger alguém mais à direita que o próprio Partido Republicano, nesta terça, o cineasta Oliver Stone, de posições mais à esquerda que o Partido Democrata, conhecido contestador das versões oficiais que emolduram a história dos Estados Unidos, falava a uma pequena plateia de convidados de um evento promovido pela FOX, em São Paulo. Stone chegou com ligeiro atraso, justificando que seu encontro com o ex-presidente Lula, pouco antes, havia se estendio para além de suas previsões.
Durante o evento na FOX, o cineasta foi entrevistado por Marina Person e criticou a própria FOX News. “Imagine se eu vou me informar pela TV? Eu não vou me informar pela FOX News”, disse.
Quem conhece seus filmes (“Platoon”, “Nascido em 4 de julho”, “Salvador – O Martírio de um Povo”) não poderia esperar nada muito diferente. Não seria Stone que elogiaria a sabida partidária FOX News. Os próprios executivos da FOX o aguardavam com a deferência de quem tem um repertório relevante e provocador, sem expectativa de adulação. Mas a sinceridade do cineasta surpreendeu muitos dos presentes. Indicou seu filme, “Snowden – Herói ou Vilão”, que estreia no Brasil na próxima semana, sobre a história de Edward Snowden, que fez vazar documentos secretos para denunciar técnicas ilegais de vigilância da NSA, agência de segurança dos Estados Unidos. O filme é estrelado por Joseph Gordon-Levitt.
Stone, que conversou com Lula sobre a Operação Lava-Jato, criticou a vigilância de que Dilma Rousseff foi vítima, pelo governo dos EUA, e disse que o afastamento da ex-presidente foi orquestrado em razão das perspectivas de mudanças sociais operadas por seu governo, que contrariam os interesses de muitos poderosos. Para ele, o mesmo acontece na Venezuela. Também levantou suspeita sobre o grande foco de interesses representado por uma empresa do porte da Petrobrás, nome que se atrapalhou um pouco para pronunciar.
Para o cineasta, o ideal é pesquisar, buscar informações controversas e fontes distintas para chegar a informações menos distorcidas. Eis algumas de suas frases na ocasião:
“Todo governo mente. Mente para proteger suas decisões e seus erros. No Brasil não deve ser diferente.”
“Só leio jornais para ver quais as mentiras que vão contar”
“A TV, então… Imagine se eu vou me informar pela TV? Eu não vou me informar pela FOX News”
“Quem critica muito (o governo) é pressionado, sofre represálias, é colocado pra escanteio” (sobre jornais e canais que contestam versões oficiais).
“O Vietnã não era nada do que diziam. Fomos até lá e encontramos uma outra situação, muito diferente do que ‘vendiam’. Era inaceitável como queriam dar àquela guerra uma causa nobre, que não existia. Poderíamos ter evitado a morte de 3 milhões de pessoas”.