Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Em decisão inédita, Viva retalha reprise de ‘Bebê a Bordo’, rejeitada por audiência conservadora

Isabela Garcia e a bebê que deu nome à novela

Elogiada por muita gente nas redes sociais quando estreou no canal Viva, pela ousadia de um enredo com reflexões que se mostravam tão mais modernas do que conteúdos atuais, a novela “Bebê a Bordo” (1988/89), de Carlos Lombardi, de fato assustou um número muito maior de pessoas do que a torcida que lhe era favorável. Quando se reencontrou com sua história, 30 anos depois, na mesma ocasião de estreia da reprise pelo Viva, até o autor se surpreendeu com o que viu: “Acho que a novela não envelheceu. O mundo envelheceu”.

Lombardi infelizmente tem razão. Boa parcela do público se queixa de cenas que insinuam sexo e de personagens que lidam tão livremente com o assunto. “Bebê a Bordo” lançou, na época, a expressão “levar um coelho” como sinônimo de relação sexual.

A partir das críticas recebidas e de uma audiência que fugiu do canal nos dois horários de exibição da trama (à tarde e na madrugada), “Bebê a Bordo” já começou a ser retalhada no capítulo de hoje, para sair do ar mais cedo, o que novamente provocou alvoroço entre os noveleiros no Twitter.

No capítulo desta segunda, a abertura veio no final do primeiro bloco, a numeração de capítulos, sempre presente, desapareceu da tela, e pularam o bloco que apresentava as cenas do capítulo seguinte. Constatou-se ainda cenas emendadas com o áudio do “voltamos a apresentar” ao fundo, numa evidente pressa de acelerar a exibição.

Esta é a primeira vez nos oito anos de história do Viva que uma novela é cortada. O canal sempre se gabou de apresentar as reprises na íntegra, inclusive com merchandisings da produção original e até de produtos que não existem mais. Para dar andamento à decisão de decepar a trama, o canal teve de pedir a benção da Globo, que se encarregou da edição.

Um processo semelhante a esse tem acometido a reprise de “Celebridade” (2003), de Gilberto Braga, no “Vale a Pena Ver de Novo”. A Globo já respondeu, por sua assessoria de comunicação, que a edição no “Vale a Pena” é um processo normal, mas a verdade é que umas histórias são mais retalhadas que outras, de acordo com a audiência e com o conteúdo da trama. Diante de tanta tesoura nas cenas, houve até quem comentasse, no Twitter, que se era para cortar tanto a história, que deixassem o folhetim para ser exibido no Viva, assegurando sua íntegra.

Como se vê, agora nem no Viva uma reapresentação está segura.

Leia a entrevista que o TelePadi fez com Lombardi quando “Bebê a Bordo” começou no Viva: No ar pelo Viva, “Bebê a Bordo” seria hoje um bom seriado no Netflix, diz autor

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Cristina Padiglione

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