Fusão aprovada nos EUA ainda é risco para canais Turner e HBO no Brasil
A AT&T finalmente conseguiu, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a bênção para comandar a Warner Bros., a HBO e a Turner – grife que engloba canais como Warner Channel, TNT, Space, Esporte Interativo, Cartoon Network e CNN, entre outros. Aqui, no entanto, há um grande impasse a enfrentar.
Antes mesmo que a coisa andasse nos EUA, e o grupo já demonstrava grande confiança de que o negócio lá seria fechado, mais cedo ou mais tarde, seus representantes já haviam começado a agir no Brasil, onde a lei da TV paga (12.485) impede que uma mesma empresa tenha participação em braços de distribuição e de conteúdo do setor. A AT&T é dona da DirecTV, no Brasil denominada Sky, e, pela lei atual, teria de abrir mão ou das programadoras de canais (emissoras da Turner e da HBO) ou da própria Sky, segunda maior operadora do país.
Não é uma equação simples. Quando a Lei da TV paga foi aprovada, em 2012, esse ponto foi essencial para que o grupo Globo concordasse com a nova legislação, mesmo que tivesse de abrir mão de sua sociedade com a NET, maior operadora brasileira. E assim foi feito.
“Por que a Globo abriria mão de um negócio, em nome de uma lei que agora seria mudada em função dos interesses de um outro grupo, estrangeiro?”, questionou a executiva e produtora Débora Ivanov, ainda no ano passado, durante o evento de audiovisual MAX, que acontece em Belo Horizonte, quando era presidente interina da Ancine, Agência Nacional de Cinema. O órgão do Ministério da Cultura esteve diretamente empenhado, ainda na gestão anterior, presidido por Manoel Rangel, em tratar da lei aprovada e da regulamentação do setor, após mais de cinco anos de longos debates sobre cotas, divisão de áreas, proteção de mercado, etc.
Mesmo quando se fala que uma Netflix produz, empacota e distribui o que ela adquire, trata-se de uma plataforma que precisa de um serviço de banda larga para chegar aos consumidores, dependendo, portanto, de outro grupo. Não há autossuficiência na sua operação.
O valor do negócio, nos EUA, foi de US$85,4 bilhões. Leia mais aqui.