O dia em que Juliana Paes virou minha vizinha de porta
Juliana Paes virou minha vizinha de porta.
Um belo dia, dei de cara com a atriz distribuindo “Bom Dia” ao porteiro, entrando e saindo deste edifício com a intimidade que só os moradores possuem, e abrindo a porta do apartamento bem em frente ao meu. Mais tarde, veio Leandro Hassum, ao que consta, conhecido da nova moradora, que esteve aqui em caráter de visitante. Até um dogue alemão, coisa mais linda, passou a frequentar nossas escadas – o bichinho, de 76 cm de altura, tem claustrofobia, pude ouvir da boca da própria Juliana.
Juliana, na verdade, se fez passar por uma advogada, Ivana Tavares, que namora um sujeito muito bacana, Ricardo Leão, que é a cara do Hassum, mas tem só 1,38m de altura. Os dois, mais o cachorro, estiveram rodando no edifício onde moro, em Santa Cecília, São Paulo, algumas poucas cenas do novo filme que estrelarão juntos, “Coração de Leão”, uma adaptação para o cinema de um blockbuster argentino que já ganhou outras versões mundo afora.
No enredo, sob direção de Alexandre Machado, os dois têm como missão enfrentar o preconceito à inversão do estereótipo que nunca aceita uma mulher muito mais alta que seu par masculino, sob o tom de comédia, claro.
A produtora do longa, Coração da Selva (quanto coração tem nesses créditos) encontrou no hall do prédio a locação ideal para estampar o edifício que abriga o apartamento de Ivana. Além disso, a boa distância entre as portas de apartamentos localizados em lados opostos em cada andar facilita o trânsito de câmeras e profissionais.
Consultados, os moradores concordaram. O condomínio recebeu até uma quantia pelo “aluguel” do espaço”, e lá veio o staff do filme preparar o terreno.
Foi um dia inteiro só para preparar o local de acordo com as necessidades de filmagem. Vagas foram reservadas nas calçadas próximas (com aval e taxas devidamente pagas à Central de Engenharia de Tráfego, CET) para caminhões da produção – pelo menos quatro, um deles com gerador – e vans. Um galpão, a três imóveis do edifício, foi alugado como base da produção. Ali foi servido o almoço do set, para equipe e elenco, somando 91 pessoas.
Gil, nosso zelador, se espantou com o volume da parafernália toda para um único dia de gravação. Confesso que até eu, mais habituada a sets de filmagem, fiquei surpresa. Estou habituada a chegar ao set quando tudo já está transformado. Acompanhar essa mutação, entre montar e desmontar tudo, dá outra dimensão ao trabalho.
Era dia de jogo do Brasil na Copa. E ali estava um dos raros expedientes neste país que não parou nem durante a partida, nem Hassum, que estava em cena no momento do trabalho.
Um chroma-key vem sendo usado durante as filmagens para que o ator, de 1,80m, possa ser reduzido à dimensão de 1,38m na tela. Ou seja, como eu já disse aqui num post sobre o filme, ainda outro dia, (justamente quando a equipe da produtora esteve pela primeira vez no edifício e tomei conhecimento do longa), depois de emagrecer mais de 60 kg, ele agora vai diminuir de tamanho.
Juliana, Hassum e todo o staff foram de uma gentileza absoluta durante todo o expediente, distribuindo muitas desculpas pelo incômodo e agradecendo pela colaboração. Os moradores, evidentemente, não se sentiram incomodados. Ao contrário. Houve quem tenha acompanhado a filmagem com olhar de interesse e curiosidade, durante quase todo o expediente. Foi uma tietagem bastante acanhada, eu diria.
Cinco semanas estão previstas no cronograma da Coração da Floresta para a finalização das gravações. Depois, o material será submetido a um longo trabalho de pós-produção. O lançamento ainda não tem data prevista.