Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Na contramão do individualismo, Gloob cria o movimento #Juntaê

Carlinhos Brown gravou clipe inédito para a causa e participou do lançamento, nos Estúdios Globo. Foto: Ricardo Ayres/Divulgação

Mais que campanha, a bandeira do #Juntaê, lançada há poucos dias pelo canal Gloob, pretende abraçar um conceito de viver que transborda a tela da TV. Não chega a ser algo como aquela ótima causa da velha MTV (“desligue a TV e vá ler um livro”). O Gloob não chega a tanto. Mas, ao lado de seu derivado, o Gloobinho, para idade pré-escolar, o canal quer incentivar o hábito de brincar junto, a conversa ao vivo e as atividades em grupo.

Nesses dias em que não só as crianças, mas também os adultos (dando maus exemplos, e já me incluo entre eles) se isolam em suas telas individuais sob a falsa ideia de estarem se comunicando em redes sociais, o #Juntaê é uma boa pedida para todas as idades.

A causa mereceu a repaginação de duas praças públicas, uma no Rio (no bairro Peixoto) e outra em São Paulo (Parque Buenos Aires, em Higienópolis), com brinquedos feitos para instigar as ações em grupo. É claro que isso é melhor do que nada, mas os dois pontos estão longa de figurar entre os espaços mais carentes de estrutura para a criançada. Diretora de marketing do canal e uma das idealizadoras do movimento, Luciane Neno nos explica, no entanto, que está nos planos do projeto investir em endereços mais distantes e não necessariamente vinculados ao público da TV por assinatura.

“O público alvo do canal, como eu digo hoje, é todo mundo, porque as crianças estão em conexão o tempo todo e nós temos também um canal aberto no YouTube”, explica. A opção pelo Parque Buenos Aires e Bairro Peixoto, conta a executiva, seguiram alguns critérios, após larga procura e curadoria do Gloob, em parceria do Erê Lab – instituto que compartilha dos mesmos valores buscados pelo projeto.

“Esse é o início do movimento, queremos que ele se capilarize e logo possamos fazer isso em outros lugares, mas a escolha por essas duas praças, para começar, como expressão do que está por vir, atendeu a uma série de critérios: primeiro, o fato de serem espaços são democráticos no sentido de serem de fácil acesso por transporte público. Segundo, o fato de haver muitas escolas no entorno. E o mais importante de tudo era encontrar comunidades engajadas para receber o movimento, porque a gente requalificou esses espaços, mas era preciso encontrar, para uma primeira experiência, uma comunidade que estivesse pronta para aproveitar essas mudanças e nos mostrar os caminhos a partir dali.”

Diretor da unidade infantil da Globosat, Paulo Daudt Marinho conta que o movimento nasceu de um profundo trabalho de reflexão e imersão sobre a necessidade do canal de abraçar uma causa. “O individualismo é algo que chamou a nossa atenção”, disse ao Telepadi, durante o evento de lançamento nos Estúdios Globo, no Rio.

“A gente escolheu falar de consciência coletiva, essa é a nossa bandeira, e quer falar do poder da colaboração para gerar transformação na vida de todo mundo, inspirar as crianças a colaborar umas com as outras e transformar o mundo delas e o nosso”, completa Marinho.

A ideia, continua, é “mostrar o valor do coletivo, o impacto de um no outro de tudo o que a gente faz, toda ação gera uma reação e é disso que a gente quer tratar também, incentivar desde cedo a consciência coletiva e o desenvolvimento de sentimentos importantes como empatia e colaboração, seja em pequenas atitudes do dia a dia, nas brincadeiras, nos gestos e iniciativas no ambiente em que todo mundo está inserido.”

O movimento está presente no DNA da programação, como atesta a diretora da área, Paula Taborda. “A gente hoje já trabalha de uma forma muito colaborativa, então, a ideia é trabalhar com as crianças, com os nossos programas, fazendo cada vez mais cross e programas que se proponham a trazer essa temática para o canal, vamos trazer isso paulatinamente.”

A contraposição ao individualismo muitas vezes provocado pela falsa sensação de coletividade das redes sociais não significa a condenação das próprias redes, mas sim uma convivência com esses dois mundos. “Parte da campanha é falar que essa criançada vá para a rua, vá para a praça, vá plantar, vá reciclar, vá fazer alguma coisa em conujunto. A gente incentiva que a criança vá conviver com outra criança”, completa Paula. “Nossa programação já tem esse conceito e agora isso fica ainda mais forte.”

Não é à toa que uma das peças para anunciar o movimento seja um vídeo com Pedro Henriques, ator do seriado “Detetives do Prédio Azul – D.P.A.”, primeira produção original do Gloob, inaugurada junto com o canal, há seis anos. Na cena, ele responde a 12 perguntas que podem instigar a ideia de convivência e respeito coletivo.

O lançamento do “#Juntaê mereceu evento nos Estúdios Globo, no Rio, com apresentação de Tiago Lifert e participação de Carlinhos Brown. Na plateia, executivos e diretores representantes de vários segmentos do grupo participavam da festa como espectadores. Tinha gente do GNT, do SporTV e da própria Globo, aplaudindo a iniciativa.

Tiago Leifert em momento Xuxo, posa com personagens do canal, após apresentar o lançamento do #Juntaê. Foto: Ricardo Ayres/Divulgação

 

O sonho de Luciane é atrair parcerias, inclusive no segmento de licenciamentos referentes aos conteúdos dos canais Gloob e Gloobinho, para criar recursos que possam multiplicar iniciativas como as das duas praças repaginas pela marca.

A causa já tem endereço próprio, no juntaegloob.com.br

 

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Cristina Padiglione

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