Produtores de ‘3%’ emplacam nova série na Netflix: ‘Onisciente’, um mundo vigiado por drones
A Netflix confirmou hoje a produção de “Onisciente”, mais uma série do jovem Pedro Aguillera, de apenas 30 anos, criador de “3%”, com produção da mesma Boutique Filmes, de Tiago Mello, que inaugurou as produções originais da plataforma no Brasil, com a realização de “3%”.
No novo enredo, todo mundo é vigiado não por Deus, mas por drones, que armazenam dados registrados sobre os passos de cada cidadão. Mas, ao contrário daquele episódio de “Black Mirror” em que as pessoas têm tudo registrado em uma espécie de HD pessoal, em “Onisciente”, as informações armazenadas estão ao alcance apenas desse sistema que tudo vê – os cidadãos não têm acesso a elas.
Os índices de criminalidade são praticamente nulos, já que todos sabem que serão descobertos. A rotina se altera quando uma jovem, Nina, descobre um assassinato que não é relatado pelo chamado Sistema Onisciente. Sua missão será descobrir o que o sistema está tentando esconder.
“‘Onisciente’ trata do conflito entre privacidade e segurança, e questiona se a ética das pessoas vem de dentro ou vem do olhar de fora, do Sistema”, diz Pedro Aguilera, que também é showrunner, em texto distribuído à imprensa pela Netflix hoje. “Estamos super entusiasmados em fazer esta nova série com Pedro Aguilera e com a Netflix novamente”, complementa Thiago Mello. “O show traz uma discussão muito atual e uma história repleta de reviravoltas, que vai deixar o público grudado na tela”, conclui.
“Onisciente” se junta a uma lista de produções em andamento pela Netflix no Brasil. Além de novas temporadas de séries já em exibição, os próximos dois anos prenunciam mais oito títulos inéditos, incluindo este que agora se anuncia, com “Coisa Mais Linda”, “O Escolhido”, “Cidades Invisíveis”, “Ninguém Tá Olhando”, “A Facção”, “Spectros” e “Sintonia”.
As filmagens de “Onisciente” começam em 2019 e sua estreia é esperada para 2010.
Menino prodígio
Com “Onisciente” e “3%”, que já tem 3ª temporada aprovada, Pedro Aguilera se faz notar não só pela precocidade no ramo, mas especialmente pelo mérito de ter percebido a lacuna de um viés muito bem explorado no mercado internacional de audiovisual – do cinema à TV – e tão pouco frequentado no Brasil: o futurismo das narrativas distópicas.
O menino é quase um Bráulio Mantovani (“Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” – 1 e 2) da ficção científica nesse território distópico.
A Netflix já deixou claro, por meio de uns poucos porta-vozes que às vezes se manifestam por aqui, que lhe interessam histórias fora da casinha, aquelas que não estão sendo contadas por mais ninguém. É o caminho inverso perseguido por concorrentes da Globo durante anos. Ex-chefão no SBT, Luciano Callegari tinha uma frase emblemática sobre isso: “Se tentarmos fazer o que a Globo faz, corremos o risco de fazer uma Globo mal feita. É preciso buscar outros caminhos”. Ele estava muito certo. Hoje, o SBT se empenha pelas novelas infantis, enquanto a Record encontrou seu nicho nas tramas bíblicas.
Mas a ousadia da Netflix vai além, por apostar em enredos quase sempre temidos pelos produtores nacionais, ainda muito apegados a receitas tradicionis de novelas, apesar das altas bilheterias aqui alcançadas por franquias como “Jogos Vorazes” e “Divergentes”. A boa aceitação de “3%” no Brasil e no exterior endossam que a plataforma sabe onde pisa.