Seria um spoiler o último pensamento de Falabella no ‘Vídeo Show’?
Apresentador mais marcante do “Vídeo Show”, Miguel Falabella se despediu do programa, agora há pouco, com uma frase do escritor francês François Rabelais, que bem poderia ser um spoiler:
“Tudo vem com o tempo para quem sabe esperar.”
Mas é só uma torcida. A gravação aconteceu antes que a Globo anunciasse o fim do programa.
Vamos esperar que, em médio ou curto prazo, a Globo tenha uma proposta melhor que o “Vídeo Show” para ocupar essa lacuna, mas é de se duvidar. A partir de segunda-feira, o horário será preenchido pela “Sessão da Tarde”, que começará mais cedo, com aquele filme que já passou pelo cinema, pelo pay-per-view, pelo canal premium de filmes, pelos canais básicos de filmes, pela “Tela Quente”, para finamente desembarcar nas tardes do seu sofá.
A última edição do “Vídeo Show”, embora tenha sido mais do mesmo, sinal claro que de a equipe não foi comunicada com prazo suficiente para produzir um funeral à altura do histórico do programa, reforçou um dos fatores que justifica a longa existência do “Vídeo Show”: além de revelar bastidores e satisfazer parte da curiosidade do público, a proposta mexe com a memória afetiva das pessoas, o que é altamente sedutor. O Canal Viva, sem grandes investimentos, sobrevive disso.
A edição de despedida teve algumas ameaças de choro por parte dos apresentadores, Sophia Abrahão e Joaquim Lopes, e um videoclipe com momentos de comoção de atores, com direito a flash do fundador da Globo, Roberto Marinho, inaugurando o Projac. Teve também um breve revival de apresentadores e repórteres, com imagens de Falabella, Cissa Guimarães, André Marques, Zeca Camargo, Otaviano Costa, Mônica Iozzi, Rafael Cortez, Marcelo Tas, Renata Ceribelli, as ex-BBBs que passaram pela bancada e outras figuraças.
Entre as matérias que foram ao ar, teve visita à casa de André Marques, culinária, Klara Castanho visitando Mário José Paz, com quem contracenou há 12 anos, uma reprise de Angélica e André Marques (de novo ele) parodiando abertura de novela, e as crianças de “Caminho das Índias”.
O ponto alto do programa foi o quadro “Vídeo Fake”, com Márvio Lúcio, o Carioca, e Micael dublando Antonio Fagundes e Ivete Sangalo, respectivamente, em uma cena do remake de “Gabriela”. Aquilo é bom, hein? O que há de mais criativo que isso nesse horário, na TV aberta? É difícil responder.
Se a fofoca da “Hora da Venenosa”, da Record, encosta e até ultrapassa a Globo em números de audiência, o que fazer para manter a liderança? O SBT se rendeu à receita da Record e criou o “Fofocalizando”. A Globo se rendeu à derrota e tirou do ar um produto que muito se reciclou na embalagem, mas se permitiu engessar no conteúdo, como já foi dito aqui, sem sair do próprio quintal nem abrir uma janelinha sequer às produções de seus canais pagos.
Agora, é torcer para que a frase do escritor François Rabelais, último suspiro do “Vídeo Show”, na voz do Falabella, se materialize. Paciência.