Maju enfrenta racismo em sua estreia na bancada do ‘Jornal Nacional’
Não é casual que Maju Coutinho, que neste sábado promoveu a estreia da primeira negra a apresentar o “Jornal Nacional”, tenha sido escalada para ler a resposta do supermercado Extra sobre a morte de um rapaz negro de 19 anos, vítima de sufocamento provocado pelo golpe de um segurança do estabelecimento, no Rio. “O supermercado Extra afirmou que não aceita qualquer ato de violência e repudia qualquer forma de racismo (…)”, ela leu, após a exibição da reportagem.
A matéria sobre “o jovem morto no Rio depois de ser sufocado pelo segurança de um supermercado” foi anunciada por Rodrigo Bocardi, que dividiu a bancada com Maju nessa estreia histórica, mas foi encerrada por ela.
Assistir a uma negra lendo uma nota sobre um episódio que causa percepção de racismo tem um peso muito mais contundente para o público em geral – e, com certeza, muito mais constrangedor para quem faz o papel de opressor, no caso, o segurança, bem como dos defensores de sua ação.
O caso provocou comoção nas redes sociais, inclusive com a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam), nascido nos Estados Unidos, a partir de casos semelhantes ao do jovem morto no Rio.
Moça do tempo do “JN”, Maju é a primeira mulher negra a apresentar o noticiário de maior alcance do país, em quase 50 anos de “JN”. Sua presença na bancada foi celebrada por público e colegas, mas, como ela bem disse a Mauricio Stycer, isso “infelizmente” ainda é notícia. O ideal será o dia em que ninguém mais reparar se o apresentador ou apresentadora tem cor branca ou negra.
No Instagram, Bocardi publicou uma foto muito emblemática sobre o que significa a presença de Maria Júlia, a Maju, nesse posto, considerado o mais nobre dos palcos da notícia, em especial, pelo largo alcance de público que tem. A imagem traz o apresentador em um degrau abaixo do dela, diante da bancada do “JN”, sob a legenda: “Feliz em estar contigo neste degrau!”
Bacana.
