Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Experts em TV comercial, ex-diretores da Globo viram conselheiros da TV Cultura

O governador do Estado de São Paulo, João Doria, participa da coletiva à imprensa que trata da nova composição da Fundação Padre Anchieta, realizada no Palácio dos Bandeirantes. Local: São Paulo/SP. Data: 22/05/2019. Foto: Governo do Estado de São Paulo

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, reconhecidamente responsável pela conquista e consolidação do dito “padrão Globo de qualidade”, comanda um novo conselho de profissionais convidados pelo governador de São Paulo, João Doria, para auxiliar a TV Cultura a encontrar novos caminhos de sobrevivência. Atualmente, a Cultura tem pelo menos 2/3 de de seus gastos cobertos pelo repasse de verba vindo do Palácio do Governo.

Expert em TV comercial, Boni terá a companhia de antigos colegas do alto comando da Globo, como Ricardo Scalamandré, ex-Globo Internacional, que cuidará dos esforços para a exportação de programas da TV Cultura. Há ainda Roberto Buzzoni, ex-diretor de programação da Globo, aliás, primo de Boni, e Marcelo Duarte, que foi homem forte do comercial da Globo.

O próprio José Roberto Maluf, novo presidente da Fundação Padre Anchieta (FPA) (responsável pela TV Cultura, pelas rádios Cultura AM e FM, pelo canal pago infantil TV Rá-Tim-Bum e pelo canal de TV Univesp, com cursos a distância das universidades estaduais) é um profissional de TV, com passagens pelo alto comando da TV Gazeta, da Rede Bandeirantes e do SBT.

O novo conselho “de gestão”, como diz Doria, ou “de notáveis”, como prefere Maluf, não interfere em nada no trabalho do Conselho da Fundação Padre Anchieta, formado por 47 nomes e agora presidido por Antonio Prado Junior, eleitos por este mesmo grupo, que, aliás, validou a eleição de Maluf com 37 votos.

Maluf substituirá Marcos Mendonça, que, indicado pelo antigo governador, Geraldo Alckmin, encerra seu terceiro mandato á frente da Cultura e deve ganhar algum novo posto na área, após as férias, como previu Doria.

O anúncio foi acompanhado pelo secretário de Cultura do governo, Sérgio Sá Leitão, que “costurou” toda a operação de sucessão no comando da FPA.

Segundo Doria, os novos conselheiros, assim como os membros do Conselho Curador, não terão qualquer remuneração pelo trabalho voluntário que prestarão à Cultura. “Eles vão se reunir uma vez por mês, em reunião de 2h30 de duração, com uma pauta pré-estabelecida”, explicou Doria, em resposta ao blog Telepadi.

Diplomático, Boni disse que “Marcos Mendonça fez um trabalho na Cultura que é impossível fazer melhor, mas podemos fazer diferente”.
Para Duarte, é possível ampliar os horizontes de licenciamento com a marca da emissora e buscar apoio de financiamentos com a iniciativa privada.

A Cultura já comercializa DVDs, jogos, cadernos e outros produtos com nomes de programas, especialmente na área infantil, como “Cocoricó”, “Castelo Rá-Tim-Bum” e outras atrações.

Quanto produziu o “Castelo”, em 1994, a Cultura propôs ao elenco um contrato que não incluía qualquer centavo relacionado a licenciamento, um negócio que só passou a ser explorado pela emissora alguns anos mais tarde, o que gerou vários conflitos com os atores da produção, que nada receberam.

Ao menos hoje, os acordos partem do princípio de que todos os produtos podem gerar faturamento por meio de licenciamento da marca.

A programação infantil, de todo modo, um dos pilares mais respeitados da TV Cultura, pede meios de financiamento que independem da publicidade, já que a propaganda dirigida a crianças, atualmente, é alvo de várias restrições.

A Cultura também vive da verba de produção da TV Assembleia, realizada pela FPA, e da venda de sua programação para outros canais públicos.

Os novos conselheiros pretendem ainda “monetizar” o consumo da programação por meio de outras plataformas, a começar por YouTube.

Acompanhemos os novos caminhos a seguir.

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Cristina Padiglione

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