Com Bruna Marquezine criança e raquetadas, ‘Mulheres Apaixonadas’ voltará no Viva
Da safra de melhores produções de Manoel Carlos, “Mulheres Apaixonadas”, de 2003, voltará à TV pelo Canal Viva, em 2020. A obra que revelou Bruna Marquezine, então com 7 anos de idade, está na fila de novelas para a temporada seguinte à exibição de “O Clone” (2001), de Glória Perez, prevista para estrear em novembro próximo, como início das comemorações pelos 10 anos do canal da Globosat.
Com elenco gigantesco e uma lista impensável de temas, “Mulheres Apaixonadas” afetou diretamente a legislação brasileira em dois pontos: na proteção às mulheres contra a violência doméstica, por motivação do memorável personagem de Dan Stulbach, Marcos, que batia na professora Raquel, vivida por Helena Ranaldi, com sua raquete de tênis, e na aceleração da votação do Estatuto do Idoso, em razão dos maus tratos de Doris (Regina Alves) com os avós, Leopoldo (Oswaldo Louzada) e Flora(Carmen Silva).
Mas esse enredo de Maneco, de novo concentrado no bairro do Leblon e protagonizado por uma Helena, dessa vez na pele de Christiane Torloni, trouxe uma infinidade de assuntos à tona.
Entre as cenas mais marcantes da novela, com larga repercussão em jornais e revistas da época, esteve um tiroteio filmado nas ruas da zona sul carioca, no qual Fernanda (Vanessa Gerbelli) acaba ferida e depois de alguns dias internada, morre. O episódio tinha uma comoção extraordinária porque refletia a violência das ruas e a personagem deixava órfã a doce Salete, papel que revelou Bruna Marquezine, cujo pai não era ainda conhecido (embora vários fatores apontassem para o músico Théo, vivido por Tony Ramos).
Houve ainda câncer de mama, tratado pela personagem de Maria Padilha; mulheres que amam demais, papel de Giulia Gam (que também concentrava a história de laqueadura); um caso de virgindade, abordado em um romance entre os personagens de Carolina Dieckmann e Erik Marmo, e homossexualidade, assunto retratado por Paula Picarelli e Alinne Moraes. Outra questão proposta pelo autor era o romance entre um padre e uma fiel, por Nicola Siri e Lavínia Vlasak, lembrando que elementos católicos são outra marca forte nos enredos de Manoel Carlos. E havia ainda a abordagem do alcoolismo, que Maneco já havia levantado em “Por Amor” (por Orestes, papel de Paulo José), agora na voz de Vera Holtz, a professora Santana.
Com direção de Ricardo Waddington, a novela se estendia a um grande elenco, outra marca das novelas de Maneco, com José Mayer, Camila Pitanga, Rodrigo Santoro, Marcello Anthony, Susana Vieira, Paloma Duarte, Cláudio Marzo, Marcos Caruso, Leonardo Miggiorin, Vera Holtz, Natália do Vale, Paulo Figueiredo, Regina Braga, Umberto Magnani, Elisa Lucinda, Walderez de Barros, Fabiana Karla, Guilhermina Guinle e Maria Clara Gueiros, entre tantos outros. O elenco somava 91 nomes, algo impensável para a proposta de folhetins mais enxutos atuais.
Por todo esse leque de assuntos, o folhetim rendeu pano para o Casseta & Planeta, que se fartou com paródias da novela, brincando com o excesso de pelos de Tony Ramos e o cenário do bar onde ele tocava saxofone, ponto de encontro de todos os personagens da história. Os humoristas também zombavam do chamado “raqueteiro” que tornou famoso o ator Dan Stulbach e até da pequena Salete.
Que venha “Mulheres Apaixonadas”. Por todo o conjunto da obra, o enredo está em dia com a vida atual.