CNN Brasil estreia no dia da manifestação pró-Bolsonaro
Se é ou não uma coincidência, não se sabe, mas a CNN Brasil, canal que nutre as expectativas do presidente Jair Bolsonaro por uma cobertura jornalística “diferente” da Globo/GloboNews, que ele trata como “inimiga”, entrará no ar bem no dia 15 de março, data marcada para uma manifestação em apoio ao governo, contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso, que, como informa a manchete da Folha de S.Paulo neste 2 de março, nunca esteve tão fortalecido nos últimos três governos.
O protesto foi, inclusive, apoiado pelo presidente por meio de mensagens enviadas por ele em seus grupos de WhatsApp, conforme informou a jornalista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S.Paulo e da TV Cultura.
Como a CNN Brasil tem sede na avenida Paulista, na vizinhança do MASP, pode-se dizer que o novo canal já estreia sabendo como lidar com o acesso à base nos dias de manifestações naquele que é o endereço mais visado para ações do gênero em todo o país.
Procurado por esta jornalista para se manifestar sobre a menção feita por Bolsonaro ao novo canal, em uma live de quatro dias atrás, o CEO da CNN Brasil, Douglas Tavolaro, informou que não iria se manifestar.
Para emissários do canal, o presidente não fez “um elogio”, como muitos entenderam, apenas manifestou a “torcida” por uma cobertura jornalística “diferente” de Globo e GloboNews, que têm sido ameaçadas de perder verba publicitária do governo e de empresas privadas que resolveram atender à convocação de Bolsonaro para boicotar os veículos que não o retratam como ele gostaria de ser retratado – ou seja, todos aqueles que “não falam a verdade”, segundo seu ponto de vista.
Na última semana, o vice-presidente de canais pagos do Grupo Bandeirantes Paulo Saad disse ao colunista Flávio Ricco, do UOL, que a CNN Brasil é “um projeto político”, já que não há empreendimento que justifique os investimentos nos royalties da marca e nos altíssimos custos de uma operação que não há de se pagar nem com assinaturas nem com publicidade.
“Se eles estiverem dispostos a perder mais de R$ 300 milhões, a perder ou investir mais de R$ 300 milhões, é um cálculo que faço que eles vão perder em dois anos”, disse Saad à coluna de Ricco.