Netflix doa R$ 5 milhões para ajudar indústria audiovisual brasileira
A Netflix está doando R$ 5 milhões aos profissionais da indústria brasileira de audiovisual. O dinheiro será administrado por um fundo criado com o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB), um braço da BRAVI (Brasil Audiovisual Independente), que reúne as produtoras independentes brasileiras, foco das realizações originais da Netflix no Brasil.
O fundo emergencial servirá como apoio à comunidade criativa brasileira prejudicada pelo recesso imposto pela pandemia da Covid-19. O dinheiro será gerenciado pelo ICAB e prevê um único depósito no valor de um salário mínimo, R$ 1.045, para até 5 mil profissionais atingidos pela interrupção da produção audiovisual no Brasil.
Produtores, assistentes, coordenadores, técnicos, operadores de diferentes áreas de produção, como câmera, áudio, arte, maquiagem, figurino, cenografia e outras atividades poderão se inscrever por meio de um formulário online na página do ICAB (icabrasil.org). Um comitê, composto por membros do ICAB, da BRAVI e da Netflix, vai revisar cada inscrição e determinar quem deve receber os recursos em um prazo até 10 dias. As inscrições poderão ser feitas por dois meses ou até que os recursos do fundo se esgotem.
No mundo todo, a Netflix está doando US$ 100 milhões para ajudar países onde o seu serviço é relevante. Desse total, US$ 15 milhões são para ajudar os profissionais com uma verba de auxílio, e outros US$ 85 milhões, para produções da Netflix afetadas pela pandemia.
A parcela que cabe a doações para profissionais no Brasil é similar à verba distribuída com esse mesmo destino na França, no México e em outros países. Segundo o serviço, a doação “é um complemento ao pagamento de cachês que foram feitos às equipes e atores das nossas produções originais no país”.
De todo modo, não há outro caso de benevolência destinada ao audiovisual no Brasil no momento e o ICAB torce para que outras empresas se inspirem a ajudar também. “Queremos convocar outros membros da indústria audiovisual para contribuir e aumentar os recursos que visam exclusivamente apoiar aqueles que são uma parte fundamental da produção audiovisual brasileira”, diz Mauro Garcia, diretor-executivo do ICAB.
Um salário mínimo parece pouco para uma previsão de quatro meses de recesso, como imaginamos no momento. O caso é que boa parte dos profissionais que trabalham para as produtoras independentes o fazem por contratos válidos por cada obra, equivalentes a prazos de dois a seis ou oito meses (no caso de produções maiores) de trabalho. Em um momento como este, há um arsenal de trabalhadores sem recurso algum.
A Netflix já trabalha com uma série de produtoras brasileiras, a saber, Boutique Films (“3%” e “Onipresente”), Los Bragas (“Samantha”), Pródigo (“Bossa Nova”), “Irmandade” (O2 Filmes) e Kondzilla, criadora da bem-sucedida “Sintonia”, uma visão sobre a periferia de São Paulo, que é realizada pela Los Bragas e ganhou aval, no início .
A ajuda que vem aí, no entanto, vale para profissionais de todo o mercado.