‘Dos programas antigos, 80% do que eu fiz era politicamente incorreto’, admite Xuxa
“Se você parar para ver, todos os programas que eu fiz antigamente, 80% do que eu fazia no Xou da Xuxa era politicamente incorreto, na maneira que eu falava com as crianças, as coisas que e fazia, as merchans, o jeito que eu me vestia, as músicas que tocavam, eu teria sido crucificada se fizesse isso hoje em dia.”
Xuxa disse tudo isso e muito mais a Pedro Bial em uma edição excepcional do Conversa com Bial exibida nesta sexta-feira (22). Excepcional porque foi a primeira aparição inédita dela na Globo após a condição de artista contratada da Record. Por muito tempo, desde que trocou a emissora pela Record, em 2015, ela ficou sem ser sequer mencionada na Globo. A primeira citação veio na retrospectiva de humor que Marcelo Adnet e Dani Calabresa apresentaram no final de 2018, em uma paródia de um sucesso da loira.
No domingo passado, Faustão fez um revival que também botou Xuxa na roda, dessa vez em imagens, e agora, Bial traz a ex-rainha dos baixinhos em cena inédita, algo que não acontecia na Globo desde 2015, quando ela trocou de canal.
Bial agradeceu com ênfase à gentileza da Record por ter cedido sua contratada para entrevista, em tom que também nunca se viu com relação à TV de Edir Macedo na tela do plim-plim.
O entrevistador provocou na entrevistada a reflexão de que boa parte de seu acervo na emissora seria tratado como algo politicamente incorreto hoje ao rememorar um número musical em que ela se pintava de negra para contracenar com Grande Otelo, em 1991.
Embora reconheça que aquilo seria mal interpretado hoje, Xuxa enfatiza que tratava-se de uma homenagem, e assim deve ser visto. “As pessoas não podem olhar uma década com os olhos de outra, não podem olhar para o Monteiro Loato e dizer ‘foi isso’ ou ‘foi aquilo’, é um outro tempo”, emendou Bial.
Xuxa contou que por muito tempo ficava triste em ver que as pessoas se aproximavam dela para ficar próximas da personagem, a apresentadora, e não dela, pessoalmente. “A ponto de o cara, na hora do sexo, pedir pra eu cantar ‘Quem quer Pão?’, acredita?”. Chocado, Bial levou a mão ao rosto: “E olha que eu gosto da música, hein? E gosto de sexo. Mas as duas coisas juntas, não dá”.
Meu colega Mauricio Stycer já havia dito isso e vou endossar: nessa etapa de entrevistas via videoconferência, o Conversa com Bial está ainda mais íntimo, mais coloquial. Paradoxalmente, o modelo encurtou distâncias, de modo a tornar apresentador e convidado bem mais próximos, talvez amparados pelo cenário caseiro e pelo tom de ligação telefônica que as conexões por vídeo, via internet, impõem.
Tomara que isso se mantenha em uma volta ao estúdio. Aliás, a camisa do Bial nesta sexta foi um show à parte.