Aos 85 anos, Renato Aragão vê início de nova etapa após perder salário fixo da Globo
Em franca operação de enxugamento de custos que não lhe trazem mais benefícios, a Globo encerrou nesta terça-feira (30) o contrato de Renato Aragão. O humorista vinha recebendo salário fixo da emissora desde 1976, mas está fora da grade de programação há oito anos, fazendo especiais e participações pontuais de 2012 para cá.
A partir de agora, assim como Miguel Falabella, José de Abreu, Vera Fischer, Camila Pitanga, Malu Mader, Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso e, entre outros, Zeca Camargo, cujo contrato também se encerra nesta terça, o intérprete do icônico Didi só será pago por obra certa, como funcionam as produções e os profissionais independentes.
Entre 1976 e 1990, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias foram a alegria da família brasileira, gente que não dispunha de mais que seis canais de TV em um tempo em que internet não era algo imaginado nem como ficção científica. Às 7 da noite, pontualmente, o programa dava o sinal para que todos se sentassem em volta da TV, por meio dos acordes da tradicional trilha de abertura. A morte de Zacarias foi o princípio do fim do sucesso do grupo, findado após a partida de Mussum, em 1994.
Didi e Dedé tentaram outros formatos, mas os personagens eram aqueles mesmos, sem variantes, e a ausência dos companheiros desequilibrava qualquer tentativa de roteiro naqueles moldes.
Hoje, muito do que se revisita dos Trapalhões parece politicamente incorreto, de religião ao escárnio com a caricatura do homossexual e do negro. Mas, naquele contexto, eles divertiram milhões de pessoas. E embora muito de seu conteúdo hoje pareça datado, a porção palhaço de cada um ainda arranca gargalhadas do espectador. Não há como sair sem um sorriso diante dos vídeos em que Didi imita Sidney Magal e Ney Matogrosso. É tampouco impossível ouvir uma frase de Mussum sem achar graça.
Em seu Instagram, Aragão diz que inicia uma nova etapa de sua vida e afirma estar bem com a nova situação.
Nem seria o caso de se aborrecer. O ganho mensal na Globo era-lhe mais do que generoso, ultrapassando a casa dos R$ 100 mil mensais (há quem aposte algo em torno de R$ 400 mil), quando muito para trabalhar uma vez por ano, na semana do Criança Esperança. Aragão chegou a ser dono da área onde a Record viria a construir seus estúdios no Rio, outrora batizada como Estúdios Renato Aragão.
Na esteira dos Trapalhões, protagonizou alguns dos filmes de maior bilheteria nacional nas décadas de 1970 e 80.
Eis o depoimento do humorista:
“São 44 anos de estrada e me vejo diante há uma mudança! São novos tempos, novos parceiros, novos projetos e novos desafios.
Minha grande parceira durante esses anos foi a Rede Globo, que me acostumei a chamar de minha casa. Mas diante há esses novos tempos e políticas internas de contratação, vamos iniciar uma nova fase e trabalhos pontuais.
Tenho em minha vida pessoal e profissional a fluidez e o equilíbrio, vou onde meu público espera que eu esteja e melhor ainda, onde não esperam, pois sempre gostei e gosto de surpreendê-los, e não será diferente nessa nova fase!
Já estou com novas oportunidades de trabalho e novos tempos que estão prestes a iniciar.”