Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Após conturbada saída de Marcius Melhem, direção da Globo remodela humor

No momento em que um grupo de cerca de 30 contratados da Globo —na sua maioria atrizes— pressiona a direção da empresa a tomar providências mais concretas no processo de denúncias de suposto assédio contra Marcius Melhem, como relatou a colunista da Folha Mônica Bergamo, o comando da emissora  distribui um comunicado sobre os rumos do departamento aos profissionais do entretenimento.

Assinado pelo diretor de Conteúdo Carlos Henrique Schroder, o texto não faz menção às denúncias, mas procura mostrar novo posicionamento da casa a respeito do comando da área, que deixa de ter uma chefia específica para o riso.

O teor do texto, na prática, não é, no entanto, muito diferente do que a emissora já havia desenhado quando Melhem pediu afastamento para cuidar da cirurgia de uma de suas filhas nos Estados Unidos, no início de março. Veio a pandemia, o humorista viajou para os Estados Unidos com a família, e na volta, veio a rescisão de seu contrato, anunciada como decisão de comum acordo de ambos os lados.

Ainda em março, ficou estabelecido que o humor ficaria sob a supervisão de Silvio de Abreu, diretor de teledramaturgia, que já é suficientemente sobrecarregado com o comando de novelas e séries. Agora, consumada a saída de Melhem, Schroder procura dar alguma autonomia à area do riso. As medidas descentralizam o comando do setor, que será acompanhado pelo Departamento de Desenvolvimento Artístico da Globo, chefiado por Monica Albuquerque, sob supervisão de Silvio de Abreu.

Eis o texto:

 

 

Melhem e Globo nunca se pronunciaram oficialmente sobre as acusações de assédio. As primeiras informações, referentes a assédio moral, vieram à tona pela coluna que Léo Dias fazia no UOL e só não foram desmentidas por Dani Calabresa, que tampouco falou publicamente sobre o assunto.

Em fevereiro, quando a equipe e o elenco do Zorra retomaram as gravações, um grupo de 55 profissionais do humor da emissora assinou carta em apoio a Melhem, desmentindo as denúncias.

A Globo respondeu à coluna de Mônica Bergamo que “não comenta assuntos da área de compliance”, mas “reafirma que todo relato de assédio, moral ou sexual, é apurado criteriosamente”. A emissora diz ainda que “não tolera comportamentos abusivos em suas equipes” e que mantém um canal para denúncias de violação às regras da empresa.

Em 2017, um caso de assédio sexual foi denunciado por meio de carta aberta da figurinista Su Tonami ao blog Agora é Que São Elas, contra José Mayer. Em janeiro de 2019, Globo e Zé Mayer encerraram um acordo profissional que já durava quase 40 anos.

Mayer veio a público por meio de nota, com pedido de desculpas por práticas inadequadas, reconhecendo seu caráter machista e equivocado. Faltou à denúncia contra Melhem que alguma das partes se pronunciasse nominalmente.

À coluna de Mônica Bergamo, a Globo respondeu que assume o compromisso com o anonimato dos denunciantes e “o de investigar, não fazer comentários sobre as apurações e tomar as medidas cabíveis, que podem ir de uma advertência até o desligamento do colaborador”.

 

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Cristina Padiglione

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