Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Roteirista de ‘Sessão de Terapia’ lança ficção em podcast e defende formato

Jaqueline Vargas assina a nova série de podcast, "#TdVaiFicar...". Foto: Priscila Prado/Divulgação

Em meio à pandemia e todas as restrições de se gravar presencialmente novas obras de teledramaturgia, criadores e espectadores redescobrem o prazer de ouvir uma boa história e apenas imaginar o visual do enredo, quadro a quadro. Voltamos ao princípio do audiovisual, quando tudo era apenas áudio e a radionovela já mostrava o potencial da ficção em capítulos.

Roteirista, entre outras produções, da ótima “Sessão de Terapia”, série israelense que aqui ganhou releitura de alguns personagens em relação ao script das duas temporadas originais, Jaqueline Vargas mereceu, sobretudo, a confiança dos israelenses para a criação de duas temporadas extras, exclusivas da versão brasileira, toda dirigida por Selton Mello.

É ela quem assina “#TdVaiFicar…”, série em podcast que estreia nesta sexta-feira (28), sobre um edifício onde a maior parte dos moradores preferiu se refugiar longe da cidade durante a pandemia. Os remanescentes enfrentam o período em meio aos conflitos entre vizinhos na convivência do confinamento.

O elenco conta com vozes muito conhecidas da tela, como Angela Vieira, André Mattos, Jairo Mattos, Paloma Bernardi, Juliana Silveira, Lorena Comparato e Isabella Guarnieri.

O TelePadi abre espaço para um artigo desta profissional reconhecidamente craque em criar diálogos bons, fator essencial para uma narrativa que concentra todo o foco do espectador no áudio, e em gerar identificação no ouvinte, visto que dramas humanos são dramas humanos em qualquer lugar, a qualquer tempo.

 

“Chegou a hora dos podcasts de ficção?

Jaqueline Vargas

Cada um de nós tem a sua história. Podemos ter similaridades, trajetórias em comum mas no final de tudo, cada narrativa é única. Somos feitos de histórias, acreditamos em histórias e pautamos a nossa vida sobre narrativas que nos foram apresentadas. Logo, por que não dispor apenas do áudio para contar um relato?

Desde que o mundo é mundo todo tipo de narração, seja ao redor de uma fogueira, ou na cama prestes a adormecer, nos embala, nos faz fantasiar, nos faz companhia e acima de tudo nos faz sonhar. Os jornais, em seus primórdios, utilizaram a narrativa em folhetim para cativar leitores. A mesma narrativa baseada em conflitos interpessoais e com finais de tirar o fôlego foram transpostos para o audiovisual, ou seja, para a televisão. Hoje vivenciamos o streaming, podemos ver quase qualquer coisa e a qualquer momento. Em outros países o podcast se consolida a cada dia e as audiosséries – que seguem esse formato só que com  narrativas de ficção – também crescem. Embora o gênero não seja novidade no Brasil ainda não temos um público fiel para a ficção em áudio. Por quê?

Será que o poder da imagem é tal que um relato meramente auditivo não é sedutor o suficiente? Será que o dito país da novela esqueceu o poder do folhetim? Será que os avanços tecnológicos facilitaram demais a nossa vida mental e ficamos preguiçosos, sem nada para fantasiar? Ou será que vivemos uma realidade tão dura que nos desacostumamos a fantasiar? Não dá pra responder com certeza absoluta, ainda mais neste momento tão peculiar.

Para muitos, uma pandemia global não deixa de ser uma guerra. Seus efeitos são igualmente avassaladores. Por isso mesmo, poder fantasiar, estar em outro lugar, em outro tempo e situação através de uma narrativa, me parece vital. Além disso, a imaginação está ao alcance de todos – é gratuita.  Devanear, sonhar com mundos que não conhecemos, com finais distintos para situações conhecidas, com possibilidades, podem nos dar a coragem de pensar: mas isso dá pra fazer!

Sem a fantasia e toda riqueza que isso gera, vivemos em um mundo real demais, em um mundo de riscos intransponíveis. Então, após 20 anos escrevendo para a tela, decidi me aventurar pelo áudio. Podem chamar de renascimento, releitura da radionovela, fiquem à vontade, mas ouvir uma boa história é e sempre será o alimento da alma.”

 

O contexto da série, cuja 1ª temporada traz cinco episódios de 25 minutos cada, é a pandemia causada pela COVID-19. Na ficção, a cidade de São Paulo está abandonada e vazia – e a locação principal é o edifício Harmonia, que tem 14 andares e 28 apartamentos, mas como o caos está instaurado, apenas seis deles estão ocupados. A vacina ainda não chegou e o cenário distópico só piora. Para aqueles que ainda vivem no prédio, resta apenas criar laços e estender as mãos para os vizinhos – principalmente após um acontecimento misterioso que exige atenção e união de todos. Este é o ponto de partida da narrativa do áudio-série #TdVaiFicar….

Com criação e direção de Jaqueline Vargas e produção executiva de Ana Paula Godoy, #TdVaiFicar… terá  episódios semanais disponibilizados no site do projeto (https://www.tdvaificar.com.br/)  e em plataformas como Spotify, Deezer, Apple Podcast.
Divirta-se.

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Cristina Padiglione

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