Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Diretora celebra presença de mais mulheres por trás das câmeras

Barbara Sturm, diretora do selo ELAS / Divulgação

Dentro da proposta de abrir espaço para artigos assinados por especialistas sobre assuntos relevantes neste blog, o TelePadi traz aqui um texto de Bárbara Sturm, diretora do selo Elas, projeto da Elo Company, distribuidora brasileira de audiovisual que atua dentro e fora do país. A proposta é selecionar projetos audiovisuais de mulheres de diversos estados e ajudar na mentoria de produção e de visibilidade do título.

Bárbara celebra a chegada de novos rostos femininos ao posto de cineastas no país e apresenta bons exemplares do resultado do Elas, profissionais que prometem ser grandes revelações na telona. Algumas delas foram selecionadas em fundos setoriais. Outras, tiveram suas obras selecionadas para mostras internacionais. Olho nelas.

Um estudo da Ancine (Agência Nacional de Cinema), realizado ano passado, declarou que apenas 32% das produções selecionadas em editais eram de mulheres – a expectativa mínima era de 35%. Já no quesito racial, apenas 5,7% eram de mulheres negras, quando a meta seria de 10%, no mínimo.

Segue o artigo.

 

“NOVAS CARAS DO CINEMA BRASILEIRO

Por Barbara Sturm, junho 2020

Nada melhor do que novas carreiras em ascensão para transmitir esperança e força!

O Brasil é um país cultural e diverso em suas cores, sotaques e paisagens, e assim é o cinema brasileiro: original e único.

Nos últimos anos, políticas públicas e frentes de mercado conseguiram garantir o fomento à produção de cinema nacional em lugares de fala inéditos: filmes produzidos fora do eixo Rio-São Paulo vindos de todas as regiões do país, e filmes de novos realizadores e realizadoras que estreiam na direção de curtas e longas-metragens.

Aqui estão algumas caras em ascensão que já se mostraram intrigantes na cultura brasileira e trazem elegância e frescor em suas histórias e universos, além de curiosidade!

Tali Yankelevich

Nasceu em São Paulo/SP e tem mestrado internacional em direção de documentários. Seu curta-metragem “The Perfect Fit”, produção com a BBC Escócia, foi vencedor do prêmio de melhor curta documentário internacional no SXSW Festival.

Seu primeiro longa-metragem “Meu Querido Supermercado” retrata a rotina de trabalhadores de um supermercado de forma original e invoadora. Foi contemplado pelo renomado fundo internacional Bertha Fund, selecionado no edital da SPCine e tem coprodução com a GloboNews. Sua estreia mundial foi no IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior do mundo do gênero, e estreia no Brasil este ano.

Tali Yankelevich/Divulgação

Auritha Tabajara

Nasceu em Poranga/CE e é escritora, poeta e cordelista indígena, escreveu “Magistério Indígena em Verso e Poesia”, hoje adotada como obra obrigatória na rede pública de ensino no Ceará. Neta de uma das maiores contadoras de história do povo Tabajara, Francisca Gomes lançou em 2018 seu primeiro livro, “Coração na aldeia, pés no mundo”, sobre a força da mulher nordestina, indígena, sonhadora e guerreira.

Sua primeira aventura no cinema é a codireção do longa-metragem documental “A Mulher Sem Chão”, onde conta a história do contraste de sua vida: uma artista indígena vivendo na aldeia e se mudando para uma metrópole. O filme foi produzido com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual e hoje se encontra em finalização.

Auritha Tabajara Gomes/Divulgação

Jade Rainho

Nasceu em Tucuruí/PA e é poeta, documentarista e ativista pelos Direitos Indígenas e da Natureza. Seu curta-metragem de estreia, “Flor Brilhante e As Cicatrizes da Pedra”, sobre impactos da mineração nos limites de um Território Indígena, foi vencedor do Prêmio de Cine Comunitário Stefan Kaspar no Festival Pachamama e selecionado para mais de 50 festivais pelo mundo.

Seu primeiro longa-metragem, “O Jardim de Maria”, recebeu recursos do último edital do Ministério da Cultura, em 2018, e será filmado assim que o set de filmagem for liberado novamente. Maria do título é a matriarca fundadora da aldeia Tekoa Itawera.

Jade Rainho/Divulgação

Paula Braun

Nasceu em Blumenal (SC) e é atriz de televisão e cinema. Atuou nos longas-metragens “Amanhã Nunca Mais” (2011), “Bollywood Dreams” (2011), “O Cheiro do Ralo” (2007), “Outra Memória” (2006) e “Nina” (2003) e em várias novelas.

Sua primeira direção no cinema está em finalização, “Ioiô de iaiá”, longa-metragem documental sobre sete casais juntos há mais de 30 anos, que contam suas histórias de amor através de suas rotinas, medos, dificuldades e curiosidades vividas ao longo das transformações sociais do país nas últimas décadas.

Paula Braun/Divulgação

Essas são quatro diretoras com projetos selecionados no Selo Elas – projeto da distribuidora Elo Company, criado e coordenado por mim, onde um grupo de 20 consultores da indústria audiovisual, de áreas artísticas, executivas e jurídicas, prestam consultorias no desenvolvimento de projetos de longas-metragens dirigidos por mulheres e que tem distribuição da Elo.

O selo está terceira edição em 2020 com um grupo incrível e diverso de consultores de distintas áreas e perfis, e somando 33 projetos que já receberam consultorias. Entre esses projetos 20 são de diretoras estreantes, 9 são produções fora do eixo Rio-São Paulo, 3 filmes já foram lançados e 11 estão finalizados ou em finalização para lançamento 2020-2021.

Esses resultados mostram a força de cuidar e trocar sobre audiovisual. Afinal, cinema é uma arte feita em equipe, em todas as etapas: uma executiva de distribuição, uma distribuidora e um grupo de profissionais dedicados e engajados unidos fomentando o cinema brasileiro de perto. E diretoras e produtores talentosos e interessados ouvindo e trocando sobre suas obras.”

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Cristina Padiglione

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