Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Sem cargo executivo na Globo, Silvio de Abreu deixará a emissora: ‘Não é fácil se despedir’

“Um ciclo termina”, disse Silvio de Abreu sobre o fim de sua trajetória na Globo, em texto de despedida do posto de diretor de dramaturgia da emissora, distribuído pela Comunicação da Globo.

Mesmo sem o cargo executivo, havia a expectativa de que ele pudesse permanecer na emissora como autor de novelas, atividade que compreende a maior parte dos seus 42 anos na casa, desde “Pecado Rasgado”, em 1978. Mas um comunicado distribuído há pouco pela Globo, confirmando sua saída do posto e a chegada de José Luiz Villamarim para a cadeira, anuncia que Silvio deixará a Globo em março próximo, quando vence seu contrato.

“São mais de 40 anos de Globo. Foi um período maravilhoso, entrei na emissora como ‘metade de uma dupla’ e saio como o Diretor de Dramaturgia, além de ter tido inúmeros sucessos em novelas nesses anos todos. Acredito que tomei uma atitude acertada e que está na hora de me dedicar a outros desafios. Não que não seja difícil. Ao contrário. Não é fácil se despedir de uma história que faz parte da sua identidade. Mas a vida é feita de perdas, ganhos e opções”, disse ele.

Silvio faz questão de relembrar o principal legado de sua gestão: a renovação do time de autores, algo que a empresa fez a passos lentos nos 30 anos anteriores à sua chegada ao cargo.

“Meu período como diretor de Dramaturgia foi muito rico e de plena liberdade. A novela faz parte da cultura brasileira, é entretenimento gratuito e da mais alta qualidade para o grande público e foi essencial garantir um processo permanente de renovação de talentos. Foi com muito orgulho que revelei 20 novos autores, que darão seguimento a esse gênero que é extremamente importante inclusive para a geração de empregos em toda a classe artística. Outro legado que deixo é um planejamento de longo prazo das novelas, que nos permitiu maior organização, eficiência, qualidade e criatividade.”

A nomeação de um autor para cuidar do departamento foi amplamente comemorada por seus colegas. Finalmente teriam alguém no posto que entendesse de dramaturgia, queixa que predominava desde a saída de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, da direção executiva da emissora, em 1997. Mas logo Silvio compraria algumas inimizades, como a de Benedito Ruy Barbosa, que atribuiu a Silvio decisões que não beneficiaram projetos seus, e Stênio Garcia, que, entre os vários veteranos sem contrato renovado com a emissora, atribuiu a uma mágoa pessoal de Abreu sua saída da Globo.

“Desejo todo o sucesso do mundo para meus colegas e parceiros desta empresa que amo e da qual me sinto parte”, despediu-se Silvio na sua nota.

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Cristina Padiglione

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