Justiça manda Castanhari retirar novo post contra Marcius Melhem
O youtuber e apresentador Felipe Castanhari, um dos quatro alvos do ator e roteirista Marcius Melhem por publicações contra ele em redes sociais, terá de retirar mais uma publicação, do dia 21 passado, em que mais uma vez acusa Melhem de assédio sexual. Castanhari já havia sido obrigado a retirar uma postagem em que chamava Melhem de “criminoso”, “assediador” e “escroto”, sob pena de pagar R$ 10 mil em caso de desobediência à Justiça.
Desta vez, a pena da juíza foi dobrada para R$ 20 mil.
“Fls. 55/59: sendo verossímeis as alegações de que o conteúdo exposto na rede social é ofensivo e capaz de abalar a honra do autor, e, considerando que a publicação menciona imputa ao autor crime pelo qual sequer foi indiciado até o momento, defiro a tutela de urgência pleiteada, para o fim de determinar ao réu que promova, no prazo de 24 horas, a exclusão da publicação realizada em 21/01/2021, em seu perfil no Instagram, exposta a fls. 56, sob pena de multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), incidente de uma só vez, sem prejuízo de ulterior expedição de ofício ao Instagram para o cumprimento da presente.
Intime-se.
São Paulo, 28 de janeiro de 2021.”
Assina a juíza Ana Luíza Madeiro Cruz Eserian, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que em 18 de janeiro havia determinado a exclusão de publicações em que Castanhari chamava o ex-diretor do núcleo de humor da Globo de “criminoso”, “assediador” e “escroto”.
A defesa de Melhem alertou ainda sobre um post anterior contra Melhem em que Castanhari mencionava outras palavras ofensivas. Mas como o youtuber as atribuía a “um ser”, sem nominar o sujeito, a juíza entendeu que isso não configurava ofensa ao autor da ação.
Castanhari então enalteceu o fato de a Justiça ter negado a Melhem esta segunda exclusão. E escreveu em seu perfil no Instagram em 21 de janeiro:
“Marcius Melhem falha em sua tentativa patética de CENSURA.
Não satisfeito em me processar, por causa de um tweet em que defendia a Dani, o sujeito ainda está tentando calar TODO MUNDO que se pronunciou em defesa dela: foi assim com o Marcos Veras, Danilo Gentili e também com o Rafinha Bastos. Prestem muita atenção, porque é exatamente assim que os assediadores operam. Eles, os assediadores, usam de intimidação para amedrontar não só as vítimas, mas qualquer um que ouse demonstrar apoio a elas. Não se engane, Marcius Melhem, essa tentativa pífia de censura e intimidação só me fez ter ainda mais certeza do tipo de pessoa que você é. NÃO SEREI AMEDRONTADO!
Inclusive me prontifico a ajudar financeiramente qualquer um que for processado por esse sujeitinho. Minha total solidariedade a todas as mulheres (são várias!) vítimas do assédio dele. Você, Melhem, pode tentar me processar por este post também. Quando eu ganhar, farei outra publicação esfregando isso nessa sua cara sem graça.
Lembrem-se desta frase: A imposição do silêncio é uma das principais armas de um assediador.”
É esta a publicação que a juíza agora ordena que seja também excluída, por voltar a mencionar o nome do ator e roteirista em associação a práticas pelas quais ele sequer foi indiciado até o momento.
Em entrevista ao blog, Melhem refutou a acusação de censura a quem está apoiando Dani Calabresa, que o acusou de assédio sexual em investigação interna da Globo, sem no entanto ter entrado com qualquer ação judicial contra o ex-diretor até aqui.
“A crítica é válida sempre, a ofensa, não. Eu não quero ficar rebatendo colegas porque as pessoas têm as suas opiniões e convicções”, disse-me Melhem. “E não é verdade que eu estou tentando calar todo mundo que está apoiando a Dani. A Dani não te apenas quatro apoiadores.”
Os outros três processados por publicações em redes sociais são Rafinha Bastos, a quem a Justiça também exigiu a exclusão de um vídeo que ainda está no ar, sob pena de multa diária de R$ 500, o ator Marcos Veras, cuja decisão ainda não saiu, e Danilo Gentili, que obteve vitória no entender de outra juíza, que não viu ofensas, apenas liberdade de expressão, nos comentários do apresentador do SBT.
Maricus Melhem move ainda uma ação contra a própria Calabresa, a fim de que ela leve suas acusações contra ele à esfera jurídica, permitindo-lhe uma defesa nos tribunais, e a revista Piauí, por uma reportagem em que narra fatos que, segundo ele, não ocorreram.
No último dia 24, como relatou a colunista da Folha Mônica Bergamo, oito mulheres formalizaram denúncia contra Melhem por meio da Ouvidoria das Mulheres do Conselho Nacional do Ministério Público.
