‘Carminha, perto da Thelma, vai virar uma fofa’, antecipa Regina Casé
Em entrevista coletiva virtual na manhã desta segunda-feira (22), parte do elenco de “Amor de Mãe” e sua autora, Manuela Dias, falaram sobre o retorno da novela das nove ao ar.
A trama volta à tela no dia 1º de março, com duas semanas iniciais de compacto do que já foi visto em 103 capítulos, e a partir do dia 15, com capítulos inéditos.
“A Carminha, perto da Thelma, vai virar uma fofa”, antecipou Regina Casé, a Lurdes, sobre a personagem de Adriana Esteves. “Tá na moda falar em tirar a pessoa da zona de conforto, e eu aqui acho que fui para a pior zona de desconforto”, riu.
No último capítulo que foi ao ar, em março passado, Thelma passava por cima de Rita (Mariana Nunes), ao perceber que ela estava irredutível na decisão de contar a Lurdes sua descoberta: a de Danilo, filho que Thelma sempre disse ser seu, era, na verdade, Domênico, o filho vendido pelo pai quando criança, que Lurdes procura há tantos anos.
“Se a primeira temporada precisava de um lencinho, pode preparar uma talha para chorar muito”, avisa Jéssica Ellen, a Camila.
Manu conta que chorava quando escrevia a cena, chorava quando via a edição e chorava de novo quando alguém lhe telefonava chorando por ver a cena.
Regina, Jéssica, Julizano Cazarré, Nanda Costa, Humberto Carrão e Thiago Martins falaram sobre a estranha sensação de reencontrar seus personagens e cenários quase um ano depois, de como foram os cuidados adotados nesta volta e a vontade de abraçar, sem poder, os colegas, após tanto tempo.
“Pra mim, o Brasil é a Lurdes”, disse Manu, ressaltando a importância da personagem. “O Brasil é uma mãe solteira que cria os seus filhos sozinha. E ter essa mãe, e não uma mocinha que quer casar, sem demérito às mocinhas, mas dar importância a essa mulher, e não deixar que ela seja só a pessoa que está passando no fundo, com uma criança, isso alimenta uma empatia nas nossas vidas nessa onda de intolerância. A gente vive essa onda de polarização fortíssima, mas legitimar a complexidade dessas pessoas é importante. A gente tem que respeitar mais a complexidade dos outros e não só a nossa”, concluiu a autora.
Por vários momentos, ela pensou em não inserir a Covid no enredo, “mas ia virar uma distopia, em vez de uma novela realista, e minha maior preocupação era que Lurdes seria um exemplo muito forte. Como eu vou fazer ela procurar o Domênico sem furar a quarentena? Conversava muito com o Zé [Luiz Villamarim, diretor], era preciso muito cuidado nesse momento. É um momento de conscientização fortíssimo.”
Manu marca o tempo da gravação com o número de mortes do momento em que esta etapa foi gravada. “A gente tem uma contagem do tempo através de mortes.”
Jéssica diz se sentir ainda mais segura e orgulhosa da profissão ao perceber que passou todo esse período consumindo séries e filmes, ouvindo e vendo histórias, daí a relevância de poder contá-las também.
Ao final, Regina agradecer a Manuela pelo presente que Lurdes é não só para ela, “mas para o Brasil”. “Porque não é só polarização que existe hoje, é ódio. Você conseguir colocar uma flor no meio da lama não é fácil.” “Num momento em que a gente está cansado de ouvir que não é para construir muros, é para construir pontes, essa novela foi uma ponte enorme e teve um papel importantíssimo.”
A atriz conta que Lurdes se tornou um ser de confiança para muita gente. “Era gente que chegava pra mim e dizia: ‘olha, eu não concordo com você’, ou até ‘eu não vou com a sua cara’, ‘mas a Lurdes é como se fosse da minha família’. É fantástico”.
Que venha dona Lurdes para acabar de contar a sua história.