Corte de R$ 1,1 bilhão em despesas ajudou Globo a fechar 2020 no azul
O corte de grandes salários e enxugamento de custos de produção ajudaram a Globo a amortecer o impacto da queda dos investimentos publicitários em 2020, ano em que a área baixou drasticamente as cifras dedicadas ao conjunto de veículos em geral.
O lucro da GCP (Globo Comunicação e Participações), que inclui GloboPlay, canais pagos e Som Livre, foi de R$ 167,8 milhões no ano passado, ante R$ 752,5 milhões em 2019.
Segundo balanço divulgado nesta sexta-feira (26), houve queda de 11% na receita líquida, de R$ 14,1 bilhões em 2019 para R$ 12,5 bilhões em 2020.
Em gastos, a Globo economizou pouco mais de R$ 1,1 bilhão, indo de R$ 10,6 bilhões em 2019, para R$ 9,49 bilhões no ano passado.
A publicidade brasileira, que representa 60% do faturamento do grupo, movimentou R$ 14,21 bilhões em 2020 no Brasil, 19% a menos que em 2019, quando R$ 17,54 bilhões foram dedicados à propaganda no país.
A televisão aberta, e a Globo acima de todas, ainda detém a maior fatia desse bolo, que distribui R$ 7,37 bilhões (51,9% do total de verbas) entre todas as redes, 20% menos que no ano anterior. Nesse contexto de um ano para o outro, a Globo perdeu 17%, portanto, menos que a média geral, mesmo tendo sido preterida pelo governo federal na distribuição de verbas publicitárias, em favor de SBT e Record, aliadas do governo Bolsonaro.
O relatório da empresa cita as dificuldades encontradas pelo complexo de produções em função do novo coronavírus, da suspensão das gravações de novelas e séries ao cancelamento de eventos esportivos e shows.
A emissora ficou sem campeonatos relevantes, alguns em função da suspensão de partidas, outros, por revisão de contrato, caso da Taça Libertadores –a Globo abriu mão do campeonato, deixando de pagar mais de R$ 60 milhões à Conmebol.
O GloboPlay teve um crescimento de 80% na base de assinantes e de 112% no faturamento, segundo a publicação Meio&Mensagem.
A emissora também reduziu pequenos gastos, como os custos de transporte e locomoção de profissionais no jornalismo, onde entrevistas feitas de modo remoto se multiplicaram e encurtaram distâncias.
Outros pequenos gastos, em compensação, se impuseram, como testes de Covid em profusão, para gravação de novelas, programas de auditório e jornalismo, além de diárias de hotéis necessariamente mais caros, com rígidos protocolos contra infecção, para abrigar atores que ficaram confinados antes de gravar cenas com outros.
Ainda na lista de cortes, a Globo deixou de produzir vários eventos onde normalmente investe, tanto para imprensa como para fornecedores e mercado publicitário.
Para um ano tão fora do comum, o conglomerado dos Marinhos não se saiu mal, longe disso. Mas o tombo nos lucros, aquilo que realmente pesa, foi de 77%.