‘BBB’ dá aula sobre racismo, agora sob forte comoção
Não é a primeira vez que o público é brindado com uma aula de antirracismo em pleno “BBB”, programa que muita gente ainda considera fútil, talvez por não acompanhar a maratona do confinamento em busca do prêmio milionário.
No ano passado, Babu e Thelma já davam aulas sobre o assunto, explicando por que é melhor ser chamado de “preto” do que de “negro”.
No episódio desta segunda-feira (5) da edição atual, o tema tomou tom mais comovente, bem mais, fazendo do episódio uma edição épica na história do programa.
João resolveu tirar a limpo com Rodolffo a mágoa pelo outro ter comparado o seu cabelo afro com os cabelos de um homem das cavernas. A citação que o ofendeu veio no sábado, quando, fantasiado como um monstro que era homem das cavernas, Rodolffo disse que seu cabelo parecia o cabelo de João.
Ofendido, mas sem reação na hora, João falou sobre o assunto mais tarde com Camilla de Lucas, na despensa. Em seguida, Ludmilla, que comandou o show do sábado, avisou que cantaria uma música que clama pelo “respeito”. E emendou: “Respeite minha cor, respeite meu cabelo!”.
Recado dado. João afogou a cabeça no ombro de Camila e festejou o alerta. Os dois se abraçaram.
Mas Rodolffo, que nada pensou ter feito de errado, não vestiu a carapuça.
E na reunião de condomínio que o BBB promove às segundas, João resolveu desabafar sobre o episódio.
“Você não sabe o quanto o que você falou me machucou, não adianta vir com a desculpa de que o que você falou não teve a intenção, porque eu tô cansado de ouvir isso, não é só aqui dentro, é lá fora também. Nunca ninguém tem a intenção. Por que não é mais fácil você dizer que errou? Eu não sou a Pedrita pra ficar usando peruca de pré-História. Tem osso no meu cabelo? Não tem, não!”
A primeira reação de Rodolffo foi dizer que quem viu a peruca do monstro pode constatar que o cabelo da fantasia se assemelhava ao de João, que chorou ainda mais diante da insistência do outro.
Perante o clima tenso, Pocah ponderou: “O melhor agora é pedir desculpas”. “Desculpa”, reagiu Rodolffo. “É que eu só estou sabendo disso agora”.
Após Tiago Leifert se despedir (sim, tudo isso foi na edição ao vivo, na Globo), Rodolffo voltou a dizer o que já havia dito no início do programa: que seu pai tem o cabelo igual ao de João e que ele jamais falaria algo para magoar o seu pai.
Camilla insistiu. Explicou que cabelo é um tema caro aos pretos, desde cedo habituados a darem satisfação sobre seus fios.
De fato, é bem possível que o pai de João nunca tenha se incomodado com as chacotas sobre seus cabelos, como as mulheres passaram séculos achando normal muita coisa que hoje se revela insulto.
Mas é necessário corrigir isso. Se era a maneira mais educativa de Rodolffo aprender, isso é discutível. O caso, no entanto, acaba por dar uma aula à nação BBB que comparece nesta imensa plateia formada pela audiência do programa. Isso, por si só, já justifica a existência do reality show.
Quando o entretenimento transmite mensagens, a possibilidade de o público assimilar seus recados é muito maior do que em documentários e noticiários, quando a guarda racional do espectador está em alta. Quando a lição penetra pelo caráter emocional, sua assimilação é muito mais eficiente.