A Globo não vivia mal antes de ter Marcos Mion em suas fileiras, mas agora que ele entrou (não vamos contar o tempo em que ele foi coadjuvante no seriado de Sandy e Júnior), vai ser difícil explicar que ele não estará em algum projeto de destaque na emissora em 2022, quando seu expediente, segundo anunciou a casa, vai se concentrar no Multishow, canal pago da família Marinho.
A partir de janeiro, a Globo tem outros planos para as tardes de sábado. O nome mais cotado para assumir efetivamente a vaga deixada por Luciano Huck, até aqui, é o de Ivete Sangalo, outra figura de carisma muito superior ao antigo dono da faixa.
Mion também se mostra uma opção melhor que Huck no quesito animador moderno de auditório. Debochado, moleque (no bom sentido), sabe rir de si e dos outros, sem ofender ninguém, e a plateia vai ao delírio.
No seu segundo sábado à frente do “Caldeirão”, que ele já rebatizou como “Caldeirola”, agora chamando até a Globo de “Globola”, Mion herdou uma audiência de 10 pontos do filme da Sessão de Sábado, e entregou a vez para a novela das seis, “Nos Tempos do Imperador, com 17,7 pontos.
Referentes à audiência preliminar aferida pelo Kantar Ibope na Grande São Paulo, os dados foram divulgados pelo jornalista Ricardo Souza, do site TV Pop, no Twitter. Mion trouxe portanto, só na região, mais de 1.396 mil indivíduos para a sintonia da emissora.
Ao avisar que deixará a Globo após o fim do The Voice, e
não será o apresentador da 22ª edição do BBB, Tiago Leifert imediatamente abriu uma chavinha para que a contratação de Mion, ex-apresentador de A Fazenda, fosse compreendida como uma preparação para sua chegada ao principal reality show da TV.
A direção da emissora, no entanto, pensa que um
jornalista de variedades, habituado a transmissões ao vivo, ainda é a melhor opção para o cargo que foi de Pedro Bial e Tiago Leifert. A chefia da Globo prefere apostar em alguma sobriedade para a figura do mestre-de-cerimônias, até para cuidar de administrar possíveis saias justas criadas dentro da casa com assuntos muito complexos e delicados, como homofobia, racismo, abuso e outras tretas.
Sim, Mion dava muito conta do recado na Fazenda, mas Record não é Globo e Fazenda não é BBB. Além da distância entre uma e outra no número de telespectadores (alguns milhões), há a cobrança, sempre bem maior para a Globo, de prestar contas sobre injustiças sociais manifestadas dentro de seu confinamento.Agora, depois de ver o que o sujeito vem fazendo nas antes adormecidas tardes de sábado, e de a própria Globo embarcar no show de deslumbramento que ele demonstrou pelo crachá da firma, vai ser difícil explicar à plateia da TV aberta que ele ficará reservado a um número menor de espectadores em 2022.
Convém que se encontre logo uma solução para este caso, que não chega a ser um problema –muito pelo contrário– para uma rede que acaba de perder seus dois melhores apresentadores de entretenimento, Fausto Silva e Tiago Leifert.
P.S. Paralelamente a toda essa dança de cadeiras, quero aqui endossar cada linha da
boa análise que Aline Ramos, colunista do UOL, fez sobre a completa ausência de pretos e mulheres entre os nomes mais cotados para suceder Leifert. A Globo tem aí a grande oportunidade para botar em prática as políticas afirmativas de diversidade que diz apoiar e pelas quais tem trabalhado, por trás e na frente das câmeras.