Edição de ‘Um Lugar ao Sol’ poderá ser salva na versão internacional
Reeditada para atender ao pedido de socorro de sua sucessora (“Pantanal”, que precisou de mais duas semanas de prazo para a data de estreia), “Um Lugar ao Sol” ainda tem uma chance de ser salva na exibição internacional.
A edição feita para outros países é sempre outra, diferente da versão local, e atende às demandas do mercado internacional. Mas como o folhetim de Lícia Manzo já foi produzido com uma duração mais condensada, a tendência é que a trama sofra menos cortes para ser exportada. Felizmente, o título ainda não estreou em Portugal, onde muitas vezes as novelas da Globo são exibidas com um ou dois meses de atraso. Se a produção já estivesse no ar por lá, possivelmente acabaria sofrendo o mesmo problema de reedição que acometeu a novela aqui.
Como está toda gravada e já teve seus cenários desmontados, com parte do elenco já ocupado com outros trabalhos, “Um Lugar ao Sol” só conseguirá “ganhar” mais duas semanas no ar, à espera de “Pantanal”, com uma reedição do material que já estava captado e organizado para sua exibição até a segunda quinzena de março. Tudo havia sido planejado para respeitar estratégias de suspense programadas para os intervalos comerciais e o desfecho de cada capítulo.
Tudo isso vem sendo refeito. Comandada pessoalmente por Lícia e Maurício Farias, diretor artístico da novela, a reedição até tem conseguido manter o clímax em alguns finais de episódios, mas muitas vezes isso não é possível e põe a perder o ritmo da história.
Essa reedição é mais um capítulo do descaso dedicado pela Globo a uma novela capaz de de abordar com tamanha delicadeza uma série de questões sociais relevantes. É preocupante que uma emissora com o histórico de boas produções como a Globo trate com tamanho desprezo um produto que traz reflexões sobre etarismo, falsidade ideológica, fraude intelectual, down na fase adulta, menopausa, homossexualidade, gordofobia, alcoolismo, suicídio, adoção, feminismo e violência doméstica, entre outros assuntos.
A novela teve uma divulgação pífia na pré-estreia, e segue nesse compasso. “Pantanal”, que estreia no fim de março, já teve mais fotos distribuídas pela emissora à imprensa e sites especializados do que “Um Lugar ao Sol” inteira. A trama atual teve mais de 40 capítulos decepados da versão original e se contentaria com 107 capítulos (antes da recente reedição de material gravado) para apressar a estreia de “Pantanal”, primeiro projeto de Ricardo Waddington à frente da área de Entretenimento da Globo.
O enredo de Christian (Cauã Reymond), gêmeo descartado pelos pais que adotaram seu irmão ainda no berço, também estreou sob uma instabilidade de horário inédita para uma novela das nove, sendo atropelado pelo calendário de futebol. E agora, tendo cumprido todas as demandas da direção da emissora, a trama é sacrificada para arcar com acidentes de planejamento de sua sucessora.