Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Homem insistente ‘é galanteio’; mulher insistente ‘é carente, chata’: lições da Noca

Noca, personagem de Marieta Severo, com a neta, Lara, interpretada por Andréia Horta / Reprodução

As boas lições transmitidas por “Um Lugar ao Sol” passam longe do tom de lacração explicitado pelas redes sociais, e portanto dispensam a narrativa professoral e o didatismo. As cutucadas úteis que a novela de Lícia Manzo provoca na plateia não vestem figurino de ensinamento, e isso é o que mais conspira a favor da absorção desse conteúdo pelo telespectador.

É dessa forma que Noca, personagem da adorável Marieta Severo, dá grandes pistas sobre o que o machismo estrutural camufla há séculos. No capítulo de quinta-feira (17), em uma cena muito rápida, ela disse que o homem, quando é insistente na tentativa de conquistar uma mulher, é chamado de galanteador. Mas a mulher, quando insiste muito, é tratada como “carente”, “chata” e às vezes até desesperada.

Disse tudo, a dona Noca, só para variar.

Na sequência em que esse paralelo vem à tona, Dalva (Ju Colombo) avisa Noca que seu Aníbal, personagem que traz Reginaldo Faria à trama, está mais uma vez à espera dela em uma mesa de seu restaurante. Ela bufa, mostra fastio, e diz o seguinte:

“Queria ver se era uma mulher insistindo assim. Iam dizer que era uma largada, uma carente, uma chata. Agora, não. Só porque é homem, aí pronto, é um ‘galanteio irresistível’. Ah!”

No capítulo desta sexta (18), Noca acabou se rendendo aos “galanteios” de Aníbal e tascou-lhe um beijo.

 

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Cristina Padiglione

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