Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Mariana Xavier volta aos palcos com comédia e quer ser vista ‘fora da caixinha’

Mariana Xavier em cena de 'Antes do Ano que Vem' / Divulgação

Conhecida e reconhecia pelo estrondoso sucesso da trilogia “Minha Mãe é Uma Peça”, franquia de maior bilheteria do cinema nacional, estrelada por Paulo Gutavo, Mariana Xavier quebra o jejum de palcos imposto pela pandemia e volta ao teatro nesta sexta (4), com a estreia da peça “Antes do Ano Que Vem”, no Teatro Unimed, em São Paulo. Inédito, o texto de Gustavo Pinheiro a coloca em cena sozinha como sete personagens diferentes, sob direção de Lázaro Ramos, Ana Paula Bouzas e Márcio Vieira.

“Embora a maioria das pessoas me conheça por causa do cinema, da TV e da comédia, é do palco que eu venho e essa estreia virou uma celebração ao teatro, às minhas raízes artísticas e à oportunidade de mostrar outras facetas do meu trabalho”, diz Mariana, que estará em cena sozinha. Ela conversou com o blog por videoconferência. “O mercado audiovisual acaba me colocando nessa caixinha da comédia, mas a gente quer mostrar versatilidade e acho que a peça permite isso”, completa.

Nossa conversa virtual se estende aos diretores Lázaro Ramos e Ana Paula, ambos em São Paulo desde a véspera da estreia para intensas sessões de ensaio com tudo valendo: cenografia, iluminação, figurino e marcações.

O enredo se passa durante um Réveillon, momento em que as pessoas exacerbam suas necessidades, angústias e desejos, à espera de dias melhores. Convém lembrar que estamos localizados neste tempo em que as pessoas desfilam em redes sociais sob a imposição da felicidade e alegria em tempo integral. Lá estão os feeds do Instagram que não nos deixam mentir, com usuários a se apresentar magníficos, em lugares paradisíacos, a consumir pratos e drinks de dar inveja aos leitores, também esbanjadores de likes, emojis e corações a rodo.

É nesse universo que nos deparamos com Dizuite, faxineira da Central de Apoio aos Desesperados, uma espécie de CVV, que se vê sozinha de uma hora para outra no plantão daquela central, com a inesperada ausência da psicóloga que deveria dar ouvidos a quem liga para lá. Solícita, a faxineira começa atender, aconselhar e confortar os mais diversos tipos de pessoas, todas desesperadas, que procuram o serviço de apoio em plena noite de Ano Novo.

Logo ela, a Dizuite, que tem tantas razões para reclamar da vida, surpreende com mensagens de otimismo a partir de uma visão impulsiva da realidade. As mulheres que a procuram têm perfis de fácil identificação com a plateia, promete Lázaro.

PRÉ-CORONAVÍRUS

Concebida para estrear em janeiro de 2020, a peça teve de ser adiada na ocasião porque Mariana quebrou uma perna. E é evidente que a chegada da pandemia não deu prazo para que ela se recuperasse em tempo de levar o espetáculo ao palco naquele início de ano.

“Falar de saúde mental já era muito importante dois anos atrás, e depois da pandemia, que todo mundo pirou, o texto ganhou outra profundidade, mas a gente não precisou mexer em muita coisa”, conta Mariana.

Lázaro concorda. Diz que esse fator foi incentivo extra para dirigir a peça agora. A atriz, que também está em “Medida Provisória”, primeiro filme dele, com estreia prevista para 14 de abril, fazia questão que Lázaro a dirigisse também no palco. E ele convidou Ana Paula Bouzas, que também está no longa, a dividir a tarefa com ele.

“Ana é uma grande parceira e a peça fala de sete mulheres, era preciso ter uma mulher na direção. Acho que estamos num momento em que, por mais que eu tenha talento como diretor, ter uma mulher só agrega à peça. E é muito fruto da nossa época ter a compreensão de quem precisa estar [na obra] para contar a história”, diz o diretor.

Como os dois são muito ocupados e nem sempre estavam ao alcance da atriz no Rio, foi um consenso trazer Márcio Vieira, o chamado diretor de movimento, para completar a concepção desejada do espetáculo.

A atriz e a diretora celebram ainda a presença de mulheres em postos-chave da peça, da iluminação à cenografia e figurino, além de gays e negros, contemplando a diversidade que todos eles buscam nas obras que produzem.

O texto tem brechas para adaptações e piadas retiradas de momentos do dia a dia, tanto assim que alguns jargões de redes sociais foram substituídos de dois anos para cá, mas nada deve fugir ao contexto da noite de Réveillon.

A comédia, apostam, é bom chamariz para trazer o público de volta ao teatro nesse reinício de novos dias, agora com expectativa de dias melhores –se não no contexto de paz mundial, atropelada por Vladmir Putin, ao menos no contexto sanitário. Mariana quer falar a todos, sem aquele negócio de ser compreendida por uma meia-dúzia de intelectuais conectados à agenda teatral. E sabe que o “humor abre portas para novas percepções do mundo”.

“A montagem é quase um ato de boas-vindas para a plateia voltar ao teatro, tudo dizendo assim: ‘aqui também é sua casa, pode voltar.’ Temos uma linguagem simples, acolhedora, e muitas vezes, a gente faz um trabalho de convencimento para trazer as pessoas. Depois de tanto tempo sem pisar no palco, a gente acha que as pessoas estão muito sedentas de se divertir.”

O diretor completa: “Vivemos num tempo em quer rir é o primeiro remédia para as nossas mazelas.Com este texto e o grande talento de mariana, damos um salto além no humor atual que fala das mulheres”, confia.

O espetáculo fica em cartaz no Teatro Unimed, em São Paulo, até 24 de abril, e almeja circular em turnê pelo país, o que ainda está em definição.

Antes do Ano Que Vem

Teatro Unimed: Al. Santos, 2159, Jardins, São Paulo (a menos de 100m da estação de metrô Consolação, esquina com a rua Augusta)

Curta temporada: de 4 de março a 24 de abril de 2022

Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 18h.

Inteira R$ 80 (plateia), R$ 50 (balcão), R$ 40 e R$ 25 (meia-entrada)

Clientes Unimed têm 50% de desconto com apresentação da carteirinha

Horários da bilheteria: de quinta a sábado, das 13h30 às 21h30. Domingos, das 10h30 às 18h30

Vendas online: www.sympla.com.br

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Cristina Padiglione

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