União de Almir Sater e Maria Bethânia na abertura de ‘Pantanal’ é pacotão de memória afetiva
Gente que sabe o caminho das águas, das terras, do céu
Velho mistério guardado no seio das matas sem fim
Distante do bem e do mal
Filho do Pantanal […]
Até a semana passada, a direção da Globo ainda não havia definido de que forma “Pantanal”, música que carrega boa parte da memória afetiva da novela de 1990, estaria presente na nova versão, que estreia na segunda-feira (28). Uma das ideias em experimentação ganhou confirmação, com aval de Ricardo Waddington, diretor de entretenimento da emissora, a apenas uma semana do lançamento. A nova versão traz Almir Sater e Maria Bethânia em uma releitura da canção de Marcus Viana, obra que tem marcado as chamadas e cujos acordes despertam com êxito a audiência.
A união de Almir e Bethânia –ela entra com a voz, e ele, com a viola caipira– traz também muitas referências para atiçar a lembrança emocional do público. É de Almir uma das canções emblemáticas gravadas por Bethânia, “Tocando em Frente”, também gravada por ele. Da mesma toada, o músico compôs “Chalana”, outro hit. E é justamente um chalaneiro que o traz de volta à cena na saga criada por Benedito Ruy Barbosa. Foi na versão original, há 32 anos, que ele ganhou fama nacional como o peão Trindade, personagem que será refeito por seu filho Gabriel no remake.
Ou seja, há todo um pacote emocional embutido na presença de Bethânia e Almir na nova abertura.
Maria Bethânia regrava ‘Pantanal’ para a trilha de abertura da novela / Foto: Fábio Rocha
Há uma semana, quando falou sobre a trilha sonora da nova versão em entrevista coletiva, o diretor Rogério Gomes admitiu que não poderia deixar de adotar o tema de Marcus Viana na novela atual, mas ainda não sabia de que forma isso ocorreria.
“É a canção de abertura de uma novela inesquecível e que terá uma releitura deslumbrante, de uma música muito inspirada, muito bonita, do fundo do coração do Brasil”, diz Bethânia em nota distribuída pela Globo. “É uma gravação que me comoveu, porque voltei a cantar com a viola do Almir Sater, isso é muito importante para mim, ele é um dos maiores músicos do Brasil, um grande compositor. É uma honra esse convite, fiquei bastante contente de fazer uma música poderosa, uma música forte”, completa.
Almir endossa: “Faço um solo de viola, participando como músico. Uma honra enorme. Eu gostei muito de gravar ‘Pantanal’ com Bethânia. Eu, Bethânia e ‘Pantanal’ temos uma relação antiga”, ele lembra. “Quando eu fiz a música ‘Tocando em frente’ para entrar como um dos temas da novela, 30 anos atrás, ela me ligou perguntando se eu tinha alguma música nova. Falei sobre essa e ela pediu que eu cantasse por telefone. Cantei e na mesma hora ela disse que a música era dela. E assim foi. Ela gravou bonito, foi um dos temas de ‘Pantanal’ naquela época. Agora participarmos juntos dessa regravação fechando nosso ciclo ‘Pantanal’. Fiquei feliz, a gravação ficou muito bonita.”
Almir tinha contado essa história ao Conversa com Bial, no ano passado, quando falou sobre a novela e tudo o que ela lhe representa, ao lado do filho, Gabriel.
A trilha da nova “Pantanal”, reescrita por Bruno Luperi, neto de Ruy Barbosa, tem despertado a curiosidade das pessoas para além do que seria normal em uma novela, justamente em razão da força que a música teve na versão original. A presença dos violeiros Tibério (Sérgio Reis) e Trindade, afinal, foi incorporada ao enredo. E Almir fez tanto sucesso entre o público feminino, na ocasião, que foi alçado ao posto de galã da novela seguinte, “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, fazendo par com Ingra Liberato, então casada com o diretor Jayme Monjardim, que também deixou “Pantanal” antes do final para se dedicar à produção seguinte.
Diferentemente da Record e do SBT, que tropeçam em pausas entre uma novela e outra, a Manchete tinha a percepção de que era essencial emendar um folhetim no outro, evitando a evasão da audiência. E como “Pantanal” conquistou até 40 pontos de audiência, seria fundamental manter o público ligado na emissora após o fim da saga dos Leôncios. “Ana Raio” não fez feio para uma emissora secundária, mas a audiência não chegou nem perto da antecessora, até hoje tratada como fenômeno.
Tanto assim, que a Globo agora se rende ao projeto rejeitado há 32 anos, um “erro” admitido por Boni, então chefão da emissora na época.
A nova “Pantanal” tem direção artística de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
Veja imagens da produção abaixo
