Marcelo Médici convida público a rir de si em seu novo espetáculo, ‘Dona Lola’

Uma vasta plateia se inquieta toda só de ouvir falar que Marcelo Médici está em cartaz com mais um monólogo, de novo sob direção de Ricardo Rathsam. Após breve temporada no Teatro Sabesp Frei Caneca, ele estreia nesta quinta-feira (14) no Teatro Faap para uma temporada nas noites de quinta-feira, sempre às 20h.
Ao longo de mais de 20 anos, Médici gerou dor no maxilar de pelo menos 1 milhão de pessoas com “Cada Um Com Seus Pobrema”, solo em que ele se desdobra em várias personagens, incluindo tributos que vão de Myriam Muniz a Alexandre Frota, passando pelas fábulas da Disney. Cada tipo exibe timbre de voz e particularidades próprias, habilidade que faz do ator um delicioso camaleãozinho de humor ácido – e nem por isso grotesco, veja bem: convém entender a distinção entre as duas coisas.
Agora, Médici é Lola, uma simpática senhora que encontra na atividade de influencer da neta um acidental sucesso. Alvo de milhões de seguidores e bilhões de visualizações, ela decide se entregar ao teatro – não para faturar, já que a atividade se mostra muito aquém do potencial monetário alcançado por ela na internet -, mas para ter o prazer de olhar nos olhos de seu público e sentir a vibração presencial de quem aprecia os vídeos que a neta, Thaisinha, posta na web.
O afeto que abraça o público já começa por aí. Fica a dica para a gente retomar o contato físico que o ambiente virtual não entrega – muito pelo contrário.
O texto reserva elementos capazes de fazer o espectador se identificar muito com o discurso de Lola, e quando você mal se dá conta, está rindo de si, remédio que cura todo mal possível.
Eis por que o humor de Médici e Rathsam alcança no espectador um efeito muito superior à de terapias convencionais.
Após um mês já lotando o Teatro Sabesp Frei Caneca – e ele faz piada até com o naming rights da casa – “Lola” segue agora para temporada no Teatro Faap, de mala, cuia e um figurino primoroso. O vestido de saia rodada que ela movimenta em cena virou objeto de desejo.
O batismo da personagem é inspirado na avó de Médici, mas a dona Lola do palco reúne um repertório de vida que vai além da referência original – a começar pelas insanidades da era da internet e do zap. Os mais velhos se sentirão honrados com as dicas de Lola para não serem invisibilizados por uma sociedade normalmente hostil aos 60+.
Mais não digo, ou estrago a satisfação de ouvir a própria Lola.
Ah, sim, ainda tem Antônio Fagundes e Tony Ramos em participação especial via áudio, nas vozes de duas amigas de Lola que lhe mandam recado para explicar suas ausências na plateia.
Dona Lola no Teatro Faap
Com Marcelo Médici
Direção de Ricardo Rathsam
Texto e trilha sonora: Médici e Rathsam
A direção de arte é de Mira Haar, e a sorte de estar na plateia é toda nossa.