Conversa entre bons cafajestes marca estreia de ‘Saideira’, no Canal Brasil
Uma conversa entre cafajestes cheios de ótimas histórias faz a estreia de “Saideira”, boa proposta do Canal Brasil, que estreia nesta sexta, às 21h, tendo Daniel Filho e Sérgio Augusto como convidados. Os anfitriões, em especial Stepan Nercessian, conspiram a favor de uma cafajestice, no sentido divertido da palavra (sim, ele ainda existe, não me entendam mal!), bem dentro daquele contexto de cinema nacional dos anos 70 e 80. O outro anfitrião é Antonio Pedro. Juntos, os quatro engatam uma prosa sobre cinema, rememorando bastidores que qualquer espectador adoraria ouvir, caso estivesse com essa turma na mesa de um bar. É o que acontece. Somos todos testemunhas e cúmplices dos relatos ali proferidos, sem muito filtro, enquanto eles rememoram boas histórias do passado, cada um no seu set.
Os assuntos variam de acordo com os convidados – geralmente em duplas – mas sempre ligados ao universo artístico, ilustrados com imagens de arquivo, num caráter documental. Quando Stepan se lembra do filme em que seu personagem morria baleado, mas acabou tomando uma leve descarga elétrica, dando total veracidade à cena, lá estará a situação em exibição, sacada do acervo do canal.
Ao levantarem a questão sobre quem gosta de filme bom ou filme ruim, Stepan é categórico: “Eu prefiro filme ruim, porque no filme ruim, parece que vai acontecer alguma coisa, e não acontece porra nenhuma, e daí você vai até o fim. Já o filme bom, logo você já vê acontecer alguma coisa”. Daniel Filho lembra do “primeiro peitinho” que viu, no filme “Manon”. Os quatro fumam um “cigarro de arte” e acusam Sérgio Augusto de careta. Quem gosta de lendas do cinema nacional e das artes vai curtir.
E a prosa dá direito até a dose pro santo – no caso, os artistas que já se foram, como Marília Pêra, José Wilker, Vinicius de Moraes, Moreira da Silva e Tarso de Castro, entre outros, cujas fotos enfeitam as paredes do boteco que serve de cenário.
A concepção do “Saideira”, aliás, é de um dos amigos da turma que já se foram: Hugo Carvana formatou a ideia, mas não teve chance de executá-la. O espírito e DNA de Carvana, no entanto, está devidamente presente: Julio Carvana, seu filho, é produtor executivo do programa. “Em 2012, estávamos discutindo o aquecimento no mercado da TV fechada e achamos que era hora de um realizar um programa. Carvana chancelou a ideia e começamos a conversar. No início, o plano era uma reunião entre ele e amigos contando histórias do passado de forma descontraída e politicamente incorreta”, conta Julio.
“A gente queria um lugar que desse aos convidados liberdade para contar histórias, sem barreiras para que eles falassem o que quiser. O programa é documental, mas tem um fiapo de brincadeira de ficção”, explica o diretor Marcio Vianna.
Nos próximos programas, Stepan e Antonio Pedro recebem as visitas de gente como Nelson Freitas e Anselmo Vasconcellos, Tonico Pereira e Rogéria, Miguel Falabella e Flávio Marinho, Aderbal Freire-Filho e Paulo Betti. A atriz Fernanda Montenegro é a última convidada, numa edição que promete surpresas. “É um bar muito bem frequentado”, avalia Marcio.