Mônica Iozzi sobre campanha do assédio: ‘A gente não quer crucificar ninguém’
Não foram as atrizes que deram o primeiro passo para erguer a bandeira da campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas, frase estampada em camisetas usadas dentro dos Estúdios Globo, esta semana, e nas redes sociais das famosas. O movimento nasceu em apoio à figurinista Susllem Meneguzzi Tonani, que acusou o ator José Mayer de assediá-la no backstage da novela “A Lei do Amor”.
Funcionárias da casa procuraram as atrizes para dar eco à iniciativa, certas de que o negócio tomaria corpo maior se fosse encampado por quem está diante das câmeras. Dona de um dos rostos emprestados à causa, a atriz Mônica Iozzi fez questão de deixar isso muito claro durante o lançamento, para a imprensa, da série “Vá de Retro”, nesta quinta, em São Paulo.
“O movimento veio das funcionárias, que nos procuraram”, disse ela ao TelePadi. E continua: “Na verdade, quem veio me procurar foi uma produtora da novela que eu fiz, e juntamos um pequeno grupo de atrizes e diretoras – eu, Maria de Médicis, Fernanda Lima, a gente se uniu, começou a agregar gente que a gente achou que tinha preocupação com essas questões, e de repente a gente estava num grupo gigante, com um monte de funcionária, um monte de atriz, um monte de autora, enfim. O movimento mesmo, de fazer a camiseta, de ‘vamos falar a respeito’, não partiu da gente, não, é muito bom deixar claro: partiu das funcionárias da Rede Globo. E aí elas nos contaram e a gente falou ‘vamos lá’, elas sabem que quem está de frente para as câmeras atinge mais mídia, e o problema nos atinge também, muito, foi muito bonito. E veio gente de todos os lugares, desde a moça que cuida da arte da novela, passando por figurinista, atriz e diretora, é um grupo completamente heterogêneo, tudo isso em um dia.”
Pergunto a ela se elas tinham, nesse grupo, alguma testemunha do que aconteceu com Susllem ou se chegaram a ouvir o ator José Mayer?
“Não, não”, responde Mônica. “A gente não chegou nesses detalhes porque a gente não quer crucificar ninguém. A gente não quer falar de um caso específico. A gente quer só aproveitar um episódio que existiu pra levantar um debate sobre uma coisa gigantesca que pode acontecer com qualquer um de nós, que pode acontecer no ônibus, que pode acontecer no trabalho, que pode acontecer dentro de casa, que pode acontecer na escola e que muitas vezes as mulheres nem se dão conta de que estão sendo assediadas. O nosso propósito com tudo isso foi: ‘vamos falar sobre assédio’. Isso acontece aqui e acolá. Vamos falar sobre isso? E é uma discussão muito nova. Eu brinco que houve a Primavera Árabe, no Egito, e que no Brasil a gente está vivendo, ainda bem, a Primavera das Mulheres, sabe? A gente está assumindo, debatendo coisas importantes. Então, o que a gente quis foi dizer: ‘meninas, vamos nós falar a respeito disso? E aí? Como a gente vai chamar as pessoas pra falar sobre isso? Vamos fazer uma camiseta? Vamos criar grupos de discussão? Vamos nos reunir na casa de um aqui, de outro lá, vamos ouvir uma filósofa, uma advogada? O que tá acontecendo, o que pode ser feito?’ A ideia foi essa. E é por isso que foi tão rápido, foi natural. Uma pessoa falou pra uma que falou pra outra que chamou uma filósofa que pode falar a respeito, que chamou uma advogada.”