Roberta Martinelli repudia censura interna ao ‘Cultura Livre’
O programa se chama “Cultura Livre”, mas a liberdade esbarra na intolerância à crítica.
Na apresentação da banda Aláfia, exibida no dia 12 de abril, a canção “Liga nas de Cem” teve cortados os trechos em que critica o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Dória. Apresentadora do programa, Roberta Martinelli se manifestou em sua página no Facebook:
“Muita gente está me escrevendo para saber o que aconteceu com a banda Aláfia no Cultura Livre. A música ‘Liga nas de Cem’ foi editada (sem meu conhecimento) na parte que criticava o prefeito e o governador de São Paulo.
Eu criei o programa em 2009 e sempre lutei pela liberdade na curadoria e para os artistas. Assim, o programa virou um importante canal da música brasileira que acontece agora.
Jamais censuraria qualquer tipo de posicionamento político, editaria ou tiraria vídeos do ar por motivo de livre manifestação.
Não aprovo tal prática. Não existe semi liberdade. Eu sempre defendi e defenderei a cultura livre.”
A letra da música diz:
“Liga nas de cem que trinca
Nas pedra que brilha
Na noite que finca as garra
SP é fio de navalha
O pior do ruim
Dória, Alckmin
Não encosta em mim playboy
Eu sei que tu quer o meu fim”
A música é assinada por Jairo Pereira e Eduardo Brechó, para o disco “SP não é Sopa, na beirada esquenta”, da banda Aláfia.
O TelePadi aguarda manifestação da TV Cultura. A direção da emissora se reunirá logo mais, nesta quarta, com Roberta, para tratar do assunto.
De toda forma, fica a dica: por menos visto que seja determinado canal de TV, por menos lido que seja um jornal ou uma revista, por menos ouvida que seja uma rádio, não convém desafiar o poder multiplicador das redes sociais na era atual. Todo tipo de censura, hoje em dia, corre sério risco de ganhar proporções e estragos muito maiores do que a repercussão em torno do conteúdo censurado.
O resultado disso é positivo para a banda, que passa a ser alvo de curiosidade de quem não conhecia a canção.
A TV Cultura faz parte da Fundação Padre Anchieta, cujos recursos para funcionar são assegurados pelos cofres do governo do Estado, ocupado por Alckmin, padrinho político do prefeito Dória.