Errei. Novo ‘JN’ não reduz hierarquia da bancada, ao contrário, amplia pedestal
Sim, o tal do vidro em curva e a iluminação que localiza toda uma redação por trás dos apresentadores do “Jornal Nacional” são de impressionar qualquer cidadão. Há esmero no planejamento do novo cenário, há investimento real na tese da “tecnologia a serviço da informação”, há atenção com o aspecto humano, tudo isso é crível no leque de boas intenções da Globo.
Mas a informação de que a bancada estaria não mais em um mezanino, mas no centro da redação, fez com que eu imaginasse, genuinamente, que a nova configuração reduziria a hierarquia da bancada em relação ao restante da redação. Errei.
A nova bancada, bem instalada num “queijo” gigante (como chamam esses tablados centrais que abastecem a televisão desde sempre) coloca William Bonner e Renata Vasconcellos fisicamente num nível mais próximo do horizonte dos profissionais que ali fazem figuração (não vai aqui nenhuma depreciação, é só uma constatação resultada do foco das câmeras em torno do cenário giratório e da iluminação, que alça os apresentadores ao primeiríssimo plano, sem deixar dúvidas sobre seu protagonismo). A distância que agora os separa da redação, no entanto, é visivelmente maior. Aos olhos do espectador, o raio em torno do tal “queijo” cria um deserto como moldura dos dois, isolando-os dos demais profissionais.
É só essa a ressalva que tenho a fazer e a lamentar, porque a nova configuração bem poderia aproveitar toda essa tecnologia a favor de uma aproximação mais latente na própria tela, entre os âncoras e o backstage que os abastece.