‘Masterchef’ recusa anunciantes por imposição de restrições internacionais
Em meio à crise econômica que estamos vivendo, recusar anunciante, para um canal de TV, pode ser o equivalente a rasgar dinheiro.
Mas formatos internacionais como Big Brother, Masterchef, Dança dos Famosos, Show dos Famosos, Bake Off Brasil e The Voice, entre tantos outros realizados pelas emissoras por aqui obedecem a uma cartilha de normas formuladas pelos produtores que detém os direitos autorais desses programas para seus derivados no planeta todo.
No caso do Masterchef, isso esbarra inclusive na questão comercial, conforme contou Eduardo Gaspar, em nome da Endemol, em painel realizado na manhã desta quinta-feira durante o MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo, que vai até esta sexta, dia 25, em Belo Horizonte.
“Tem uma série de anunciantes que não são aceitos pelas normas internacionais do formato e somos obrigados a recusar”, disse Gaspar no painel sobre Adaptação de Formatos Estrangeiros, do qual participaram também Daniela Busoli, da Formata, e Roberto D’Ávila, da Moonshot. Ao TelePadi, Gaspar contou que, em geral, isso acontece por restrições a produtos muito industrializados, rejeitados para um programa disposto a celebrar a excelência da arte de cozinhar.
Os executivos falaram ainda sobre as novas métricas que regem os valores da audiência, considerando aí o potencial de realities e talent shows para engajar seus espectadores pelas mídias digitais. “Hoje, todos os produtos realizados pela Endemol são planejados em 360 graus, ou seja, com ações para a TV, para a internet e para o licenciamento da marca”, disse Gaspar.
Para Busoli, os números da internet impressionam e atraem os anunciantes, mas ainda é muito pequena a rentabilidade alcançada pela grande audiência que a internet traz. “Os anunciantes gostam desses números, mas ainda não querem pagar por isso, ou pagam muito pouco pelo valor que tem”, informa.
O trio admite que a televisão ainda está longe de perder seu posto de majestade entre as telas, a não ser que o cliente/anunciante saiba que seu consumo terá mais eficiência se vendido pela web, como foi o caso de um reality de cabelos bancado pela Pantene e realizado pela Endemol, que fez da TV sua segunda tela, com prioridade para a internet. O comportamento do público de modo geral, no entanto, já sinaliza uma relevância muito acima dos valores pagos pelo consumo de mídia via web.
O Masterchef, que rende 7 ou 8 pontos de média na tela da Band, é o melhor exemplo de como a internet pode multiplicar uma audiência e garantir seu efeito interativo, engajado, muito além da antiga passividade da TV: além de se manter como o título mais comentado do Twitter, o programa tem um canal no YouTube que cresce em ritmo acelerado, com milhões de acessos no dia seguinte à exibição na tela da Band.
Um entrave grave para a mudança de confiança do mercado publicitário no meio digital está no fato de que a Kantar IBOPE Media ainda não mensura o consumo de internet móvel praticado pelo público, hoje predominante no acesso à rede. Isso só deve começar a ser medido em 2018. Até lá, há quem se arrisque e não se arrependa. Mas a maioria do bolo de anunciantes ainda se apega ao comportamento conservador de um público que há tempos já dá muita atenção a outras telas.