‘Novo Mundo’ promove rara chance de dramatizar a declaração da Independência, no 7/9
Sempre tem uma ou outra novela, quando não mais de uma, disposta a celebrar na ficção as datas comemorativas em ação na vida real, traçando um paralelo entre o Natal nosso e o Natal dos personagens; o réveillon nosso e o réveillon dos personagens, ou o carnaval ou até a Páscoa. Agora, teremos a grande chance de ver uma novela celebrar, com o que se pode chamar de reconstituição de cena, devidamente dramatizada, da Independência do Brasil. Nesta quinta, quando o 7 de Setembro se anunciar no plano da realidade, um 7 de Setembro de 1822 vai se desenhar, com D. Pedro na forma de Caio Castro, na novela das seis da Globo.
A sequência foi gravada na última semana, com direito a comoção do elenco e alguma fidelidade aos fatos. A sequência envolveu, além de Caio, os atores Chay Suede, Rômulo Estrela e Alex Morenno (D. Pedro, Joaquim, Chalaça e Francisco), em uma fazenda no município de Itaguaí (RJ), sob o comando do diretor artístico Vinícius Coimbra. Após a gravação, Vinícius destacou a grandiosidade de apresentar, na novela, um momento histórico tão importante. “Falei para os atores que acho um privilégio, de verdade. Foi emocionante fazer essa cena e ter a chance de reproduzir a Independência do Brasil, proclamada por um português que se tornou brasileiro. Foi muito forte para a gente, para a figuração. Todo mundo que estava envolvido sentiu essa energia.”
Vinicius enfatizou o que representa esse episódio em um momento de total desesperança como o que vivemos. “Estamos em um momento difícil do Brasil, que quase precisa de uma nova Independência, uma energia parecida com essa, de 200 anos atrás. Todos ficaram comovidos, principalmente o Caio, que estava muito emotivo, sentindo e vivendo esse momento do personagem.” “O público vai se emocionar junto”, aposta o diretor.
“Eu sabia que o dia da Independência era o ponto maior”, completa Caio. “Esperei como se fosse um filho que estivesse para nascer. Estudei o texto desde a véspera, o que não costumo fazer porque gosto de trazer o frescor da novidade, do texto e da cena. Sabia que nesse dia tinha que estar mais do que bem preparado. Pensei em como poderia representar o povo brasileiro, e até a minha pessoa, sem usar memória emotiva ou alguma lembrança minha. Queria sentir o que foi para o príncipe estar diante de tantas pessoas, uma nação tão grande, e dizer que a partir daquele momento elas não eram mais dependentes”, destacou Caio.
Para Chay Suede, “é emocionante ver que nosso país já começou como um sobrevivente, lutando pela própria vida”. “Talvez por isso ainda esteja se recuperando das quedas inicias”, emenda. “Precisamos saber de onde viemos para descobrir onde queremos chegar”. Emocionado como Caio, Chay joga holofotes sobre a atuação do colega: “Ele se tornou o próprio Dom Pedro naquele momento. Estava bem de perto e não consegui ver outra pessoa que não fosse o próprio Dom Pedro, o libertador do nosso país. Tenho certeza que o público vai sentir algo parecido”.
Em texto distribuído pela Comunicação da Globo, os atores mencionam especialmente a figuração, que desconhecia o texto de Caio e ficou com olhos vidrados em D. Pedro para conhecer seu discurso e ouvir, finalmente, o grito de liberdade. “Isso me marcou muito. Sou extremamente grato por fazer parte dessa novela tão bem escrita, dessa equipe, desse grupo, e de ter feito essa sequência. É a nossa história. Estamos vivendo um momento político difícil, mas é reflexo do que aconteceu naquele período e vem acontecendo até hoje. Estar ali, vivendo o início de tudo foi muito emocionante”, ressaltou o Rômulo.
A gravação toda consumiu quatro horas e reuniu 160 pessoas, entre equipe e figuração, 23 mulas, sete cavalos, 20 armas longas, 10 espadas e 80 figurinos de escravos, índios, fazendeiros, homens do campo e militares para os que representavam o povo brasileiro e a comitiva do príncipe.
No enredo, consta que ao receber uma carta das cortes portuguesas exigindo seu retorno imediato para Lisboa, assim como o de Leopoldina (Letícia Colin), então na posição de regente, D. Pedro se vê na obrigação de tomar uma decisão pelo povo brasileiro. Assim, a princesa assina a separação de Brasil e Portugal para que o reino não volte a ser colônia. Joaquim (Chay Suede) vai imediatamente atrás de Pedro, que estava em São Paulo. Ao encontrá-lo com sua comitiva, informa o ocorrido e entrega a carta que Leopoldina escreveu. “Pedro, escrevo essa carta com urgência para lhe dizer que o Brasil está como um vulcão. As cortes portuguesas ordenaram a vossa partida imediatamente, ameaçando-vos e humilhando-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos a ficar”. Pedro, então, dá o seu basta para a cisão de Portugal.
É novela, é entretenimento, e por isso mesmo vale como chamariz de grande relevância para instigar o interesse da massa por sua história. Quem duvidar do que estiver no folhetim, como costumo dizer, que procure se informar por livros de História bem referendados e agradeça a chance de ter recebido esse aperitivo de bandeja da TV aberta.