Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

A contradição de ‘Velho Chico’: novela é finalista ao Emmy, mas não ‘cabe’ no catálogo internacional

Domingos Montagner e Camila Pitanga no cenário do rio São Francisco

Ao não oferecer “Velho Chico” para o mercado internacional, a Globo alega que a novela de Bruno Luperi e Edmara Barbosa, com base no argumento do pai, Benedito Ruy Barbosa, e direção autoral de Luiz Fernando Carvalho, seja muito regional para agradar aos gringos. A emissora nega que a decisão tenha a ver com o fim trágico da produção, que a duas semanas do fim das gravações, perdeu seu protagonista, Domingos Montagner, afogado no principal cenário da história, o Rio São Francisco.

Dito isso, é quase uma contradição imaginar que o enredo não tenha apelo internacional e que, inscrito no Emmy Internacional, na categoria de novelas, esteja entre os cinco finalistas desse segmento. A lista, anunciada há pouco, conta, aliás, com duas finalistas da Globo nesse quesito: entre as concorrentes de “Velho Chico”, está “Totalmente Demais”, de Rosane Svartman e Paulo Halm, exibida na vaisa das 19h.

Ao todo, a Globo tem seis finalistas ao Emmy Internacional. Adriana Esteves concorre, pela segunda vez, como “Melhor Atriz”, agora pela personagem Fátima, de “Justiça”, título que também disputa o troféu de “Melhor Série Dramática”. O “Tá no Ar”, de Marcius Melhem, Marcelo Adnet e Maurício Farias, concorre como “Melhor Comédia”, enquanto “Alemão” foi indicado na categoria “Melhor Filme/Minissérie para TV”.

Os vencedores serão conhecidos no dia 20 de novembro, em Nova York, Estados Unidos.

“Velho Chico” e “Totalmente Demais” concorrem com produções do Canadá (“30 Vies – Isabelle Cousineau”) e da Turquia (“Kara Sevda”).  

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Uma das patrocinadoras do Emmy Internacional, a Globo se gaba de ser a única televisão brasileira a receber o Emmy Internacional, tendo acumulado já 16 prêmios, desde o “Directorate Award”, recebido por Roberto Marinho, fundador da Globo, em 1976.  A segunda estatueta veio em 1981, com o musical “A Arca de Noé”. No ano seguinte, foi a vez de “Morte e Vida Severina”. Roberto Marinho recebeu novamente o prêmio na categoria “Direção” em 1983. Na estreia da categoria Melhor Novela, em 2009, o Emmy foi para “Caminho das Índias”, de Glória Perez, e nesse segmento a Globo levou também em 2011, com “Laços de Sangue”, de Aguinaldo Silva, coprodução com a SIC, exibida em Portugal, “O Astro” (2012), de Alcides Nogueira sobre a obra de Janete Clair, “Lado a Lado” (2013), de João Ximenes Braga e Cláudia Lage, “Joia Rara” (2014) de Thelma Guedes e Duca Rachid, “Império” (2015), de novo de Aguinaldo Silva, e “Verdades Secretas” (2016), de Walcyr Carrasco). Ainda em 2011, o “Jornal Nacional” foi premiado pela cobertura da invasão policial ao Complexo do Alemão. Em 2012, levou também a melhor Comédia, por “A Mulher Invisível”, coprodução com a Conspiração, em categoria também faturada em 2015, com “Doce de Mãe”, que premiou Fernanda Montenegro como melhor atriz.

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A indicação de “Velho Chico” ao Emmy Internacional, tendo como linha de frente um romance impossível, e portanto uma história universal, toda permeada pela reflexão sobre sustentabilidade como pano de fundo, é mais um indício de que a Globo deveria editar o desfecho da história e colocar essa obra à disposição do mercado internacional.

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Cristina Padiglione

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