Aguinaldo Silva celebra volta de ‘A Indomada’ no Viva: ‘É minha novela favorita’
Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque, mais conhecida como Eva Wilma, volta à tela no próximo dia 30, para exorcizar a maldade que mora em cada um de nós, amém.
“A Indomada”, novela de 1997, escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, será revista pelo canal Viva na íntegra de seus 203 capítulos. O enredo reproduz o Brasil no microcosmo de uma cidade fictícia no interior de Pernambuco, chamada Greenville, que foi construída por ingleses e por isso guarda o idioma, com sotaque nordestino, no hábito de conversa de seus habitantes.
“Sempre que alguém me pergunta qual das minhas novelas eu mais gostei, sempre digo que ‘A Indomada’ é minha favorita. Também gosto muito de ‘Senhora do Destino’, mas ‘A Indomada’ tem aquela coisa de Pernambuco, da cana-de açúcar, e tem aquelas histórias que eu conheci quando era criança, gosto muito”, disse o autor, pernambucano de Carpina, em entrevista exclusiva ao Telepadi.
Autor que soube alternar o universo do realismo fantástico regional com narrativas realistas urbanas, Aguinaldo pontua a conversa com deliciosas gargalhadas, hábito de quem se diverte com o que faz.
Depois de ter passado alguns anos longe do fantástico explorado em “A Indomada”, e também em “Pedra Sobre Pedra”, “Porto dos Milagres”, “Fera Ferida”, “Tieta” e “Roque Santeiro” (a partir do original de Dias Gomes), Aguinaldo retomará o gênero em “O Sétimo Guardião”, sua próxima novela na Globo, com direito a visita de personagens da própria “Indomada”. A estreia está marcada para 12 de novembro, sucedendo “Segundo Sol”, na faixa das 21h.
Eis aqui a nossa conversa:
TelePadi – Depois de ‘A Indomada’, mais uma de suas novelas no universo do realismo fantástico que reproduz o Brasil no microcosmo de uma pequena cidade fictícia, e mesmo tendo sido um grande sucesso, você quis partir para outras narrativas, mais realistas. Por quê?
Aguinaldo Silva – ‘A Indomada’ foi mesmo um grande sucesso, mas eu comecei a achar que eu podia começar a me repetir um pouco e não era legal. Fiz então ‘SuaveVeneno’, mas depois ainda voltei a esse universo com ‘Porto dos Milagres’, quando essa sensação bateu muito forte: eu vi que tinha uma fórmula e vinha usando essa fórmula o tempo todo.
‘A Indomada’ é, das minhas novelas, a minha favorita, porque tem aquela coisa de Pernambuco, cana-de- açúcar, e tem aquelas histórias que eu conheci quando eu era criança, eu gosto muito.
TP – É mesmo a favorita? Não sabia.
AS – Sempre que me perguntam de qual novela eu mais gostei sempre digo que é ‘A Indomada’, me agradou muito, foi a última novela que o Paulo Ubiratan dirigiu. Tanto que nessa, agora (‘O Sétimo Guardião’, próxima das nove na Globo), eu trago personagens da ‘Indomada’. Trago o Ypiranga (Paulo Betti) e a Scarlet (Luíza Tomé). A cidade de Greenville é vizinha á cidade de Serro Azul (cidade de ‘O Sétimo Guardião’), as pessoas vão até lá pra ir à escola, ao hospital. Tem o bordel, tudo isso, mas as histórias são outras e as histórias são muito loucas, sempre (risos).
TP – Em Greenville, as pessoas têm a mania de misturar português com inglês, sem perder o sotaque nordestino. O seu propósito era debochar dos nossos hábitos de anglicismo?
AS – Não, não era não, você sabe que em Pernambuco, houve uma fase da vida em que havia muita coisa inglesa, inclusive tem um livro do Gilberto Freyre chamado ‘Os Ingleses no Brasil’, tinha a Great Western, que era a companhia de trem. Depois descobri que aqui no interior de São Paulo tem uma cidade construída pelos ingleses, e resolvi usar isso. Aí pensei: ‘uma cidade construída pelos ingleses, as pessoas falam inglês com sotaque nordestino’
TP – Isso gerou uma dramaticidade muito boa à novela.
AS – Sim, acho que isso foi o plus da novela, isso deu uma graça à novela. No começo, elas falavam mais, mas quando vi no ar os primeiros capítulos, achei exagerado e enxuguei um pouco. Agora, com a volta do Ypiranga e da Scarlet, eles voltam falando inglês, voltam mais velhos, empreiteiros da construção civil daquela região, e ele vêm para instalar as antenas de celular em Serro Azul. Luíza Tomé e Paulo Betti entram no capítulo 20 e pouco e vão até o cap. 70, quando inauguram a torre. Eles não moram na cidade, eles vão e voltam, continuam morando em Greenville.
TP – Uma vez perguntei ao João Emanuel Carneiro se era possível diagnosticar o sucesso de ‘Avenida Brasil’ e ele botou boa parte dos méritos no colo da Adriana Esteves, que fez a Carminha. Você acha que a Eva Wilma teve um peso similar para o sucesso de ‘A Indomada’?
AS – Ah, sim, Eva Wilma era arrasadora, eu me lembro quando acabou a novela, a Eva falou ‘depois dessa novela, eu não tenho mais nada pra fazer’. Mas, claro, ela continuou fazendo e fazendo coisas espetaculares.
TP – A grande participação dela era algo programado desde o início ou você foi expandindo o papel dela de acordo com o resultado?
AS – Não, ela era a grande vilã da novela, desde o começo eu sabia que a participação dela seria grande, ela era a Nazaré da novela.
TP – O Viva cortou abruptamente a novela ‘Bebê a Bordo’, o que nunca havia ocorrido antes, na história do canal, que sempre exibiu as novelas selecionadas na íntegra. Isso despertou no público do canal o receio de que outras edições possam ocorrer. Você é consultado sobre isso?
AS – Não, não sou consultado, e nem é o caso. Assino uma cessão de direitos autorais e não tenho controle sobre isso. Mas com ‘Senhora do Destino’ aconteceu o contrário, eles editaram para prolongar a duração da novela no ar, desdobrando um capítulo em mais de um. Mas eu nunca sou consultado.
TP – Agora está no ar ‘Vale Tudo’, que também tem a sua assinatura. No ano passado, o canal exibiu ‘Tieta’ e a Globo reprisou ‘Senhora do Destino’ no ‘Vale a Pena ver de Novo’. Aí você brincou no Twitter que isso parece um ‘Festival Aguinaldo Silva’.
AS – (Risos). É. ‘Tieta’, ‘Senhora do Destino’, ‘Vale Tudo’, ‘A Indomada’ e vou estar no ar em novembro com ‘O Sétimo Guardião’.
TP – E houve também um festival José Mayer: nesse período em que a Globo vem impondo uma suspensão dele em novas produções, ele esteve no ar em ‘Senhora do Destino’, ‘Fera Radical’ e ‘Tieta’. Você chegou a defender a escalação dele para ‘O Sétimo Guardião’ e não teve o aval da emissora?
AS – Pois é, ele está o tempo todo no ar e não causa nenhuma revolta. As pessoas continuam vendo e gostando dele. É o caso de uma pessoa que denunciou mas nem registrou queixa. O que eu defendo realmente é o direito dele de trabalhar. Se esse homem for condenado pela Justiça e for preso, tudo bem, mas se não houve nem uma condenação, não há sequer uma queixa! Eu acho isso de uma violência! Isso aconteceu na época da ditadura.
As pessoas falaram que eu fui lá na Globo para defendê-lo. Eu não fui lá e falei, eu emiti minha opinião pelas redes sociais, e na verdade, não sou eu que escala o elenco. Tem autor que fala isso, mas não é verdade. Quem escala o elenco é a emissora. Se me perguntarem se eu gostaria de ter ele no elenco, eu digo: ‘claro, eu gostaria’. Nós fizemos sete novelas juntos.
Leia também:
Luíza Tomé volta à Globo para reviver Scarlet em ‘O 7º Guardião’