Andréa Beltrão mergulha em aulas de prosódia para viver Hebe no cinema e na TV
A carioca Andréa Beltrão tem se esmerado em aulas de prosódia para alcançar o ponto mais próximo possível do acento de Hebe Camargo, a quem dará vida em um filme e em uma série de TV para a Globo.
Nascida em Taubaté, a apresentadora adquiriu, ao longo de décadas de experiência com o microfone, uma maneira de falar que até denunciava sua origem do interior paulista, mas exibia um equilíbrio irrepreensível entre a empostação de voz aprendida no rádio e todo o coloquialismo que fez dela a maior profissional do gênero na TV brasileira.
E não só. Hebe cantava profissionalmente, gravou discos e imprimiu seu timbre em estilos que pediam até mais empostação de voz, com todos os graves e agudos estendidos à moda de seu tempo, uma coisa quase Agnaldo Rayol.
Não é fácil. “Ela está estudando muito e a Hebe era uma artista muito preparada, era cantora, tinha um domínio incrível sobre a fala e sobre como falar como apresentadora”, atesta Maurício Farias, diretor do filme e da série e marido de Andréa. O roteiro é de Carolina Kotscho.
“Se você pesquisar a Hebe”, continua Farias, “vai saber por que ela era uma grande comunicadora”. Para ele, o que poderia ser empírico no início de sua trajetória foi se transformando em um “domínio muito consciente”. “Ela sabia o que estava fazendo, tinha técnica. Se você ouvir os discos que ela gravou, você percebe que tem hora que ela canta e parece carioca, tem hora que puxa mais para o paulista, ela sabia lidar com isso. A maneira de falar da Hebe pede um trabalho de reconstituição muito complexo, ela falava às vezes de modo diferente as mesmas palavras. A origem era Taubaté, mas o jeito de falar já era diferente do sotaque do interior de São Paulo, era muito bem trabalhado.”
O filme deve ficar pronto até o fim do ano e a série na Globo está prevista para 2019.