Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Um brinde ao Maksoud, cenário de notícias, entre cafés, drinks, festas e filmes

O vão livre composto pelo hall de entrada / Divulgação

Foi no Maksoud Plaza, o hotel que fechou as portas nesta terça (7) e por décadas frequentou a lista de cenários ideais para quem queria ver e ser visto, boa fonte de informações para jornalistas que não dependiam de postagens em redes sociais, que  soube que Antonio Fagundes protagonizaria uma novela de Benedito Ruy Barbosa, a primeira do autor para a faixa nobre da Globo. Era sua triunfal volta à emissora após o sucesso de “Pantanal”, na Manchete.

Todas as notícias sobre a concepção de “Renascer” me foram dadas em primeira mão por Roberto Talma: ali no saguão de entrada, marquei uma entrevista com o  lendário diretor de dramaturgia da Globo, diretamente com o próprio, em um tempo em que a direção da Globo não impunha à sua assessoria de imprensa e aos seus contratados a bênção oficial para entrevistarmos seus talentos.

Bons tempos aqueles em que vencia quem batalhava pela informação, e não necessariamente quem era autorizado a entrar no set, como acontece hoje, de acordo com os interesses da empresa no crachá vigente do jornalista.

Talma demorou mais do que eu mesma historicamente costumo atrasar, e achei que levaria um cano. Mas não é que ele apareceu e foi gentilíssimo nas respostas para minhas tantas perguntas? Eu, foquinha de tudo, aos 23 anos, retirei dali uma matéria parruda para a extinta Folha da Tarde. Para ser absolvido do atraso, Talma chegou explicando que acabou dando uma passada no apê de Caetano, que lá também estava hospedado na ocasião.

Sim, o caminho de qualquer andar até o térreo, naqueles elevadores panorâmicos, guardava muitos amigos dos amigos, uma teia de gente que tinha o que dizer, interessada em estar próxima de figuras nas mesmas condições. É panelinha que chama, não? Mas o efeito, para quem buscava notícia, era bastante positivo.

Com café da manhã aberto a não hóspedes no mesmo saguão que fervia a qualquer hora do dia, o espaço era o programa ideal para compensar desidratações geradas por noitadas alcoólicas e dançantes pela vizinhança dos Jardins. Ou de pescoções (jargão de redação que designa a extensão do trabalho para o fechamento de jornal ou revista impressa), em geral ocorridos na madrugada de sexta para sábado.

Quantas vezes inauguramos nossos sábados ali, após os longos e divertidos fechamentos semanais que invadiam o fim de semana no expediente da revista Chiques & Famosos, da Editora Símbolo, a poucos passos, na mesma rua São Carlos do Pinhal? De lá, caíamos nas mesas do breakfast do Maksoud, um consolo que nos dávamos após exaustivos expedientes, eu, meu saudoso amigo Carlos Hee e minha sister de vida, Esther Levenstein.

Colega da mesma redação e amigo de Ovadia Saadia, RP do Maksoud e responsável pela promoção de eventos no hotel, Haroldo Pereira Júnior nos carregou a dezenas de eventos de toda ordem por ali. Equivalia a atravessar a rua e encontrar as pessoas certas no lugar certo para ouvir o que havia de relevante para girar a roda do colunismo social.

Ali, por iniciativa de Saadia, assistimos a uma série de filmes em tom de pré-estreia, como “Beleza Americana” e “Quero Ser John Malkovitch”, duas fitas memoráveis.

Houve muitas apresentações de jazz na boate do 150 Night Club, ainda no século passado.

Houve festas bombadas no roof top, ainda nesta última década.

Houve gritaria por tantos fãs em busca de ídolos internacionais lá instalados.

Houve gravações de programas, filmes, novelas e documentários, e agora só se espera que alguém possa documentar o que foi e representou, para o showbiz, especialmente, o vão livre daquele cenário icônico da cidade de São Paulo.

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Cristina Padiglione

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