Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Após 43 anos de Globo, Denise Saraceni aposta em incubadora de talentos e produção independente

A diretora Denise Saraceni no set. Foto: João Cotta/Divulgação

Além de desenvolver e produzir projetos de diferentes formatos para o mercado audiovisual, como a maioria dos profissionais à frente de  produtoras de TV e cinema, Denise Saraceni pretende orientar novos talentos nessa seara, a partir de uma ideia ou já de projetos em desenvolvimento. A proposta funciona, como se diz na linguagem técnica, como um hub ou uma incubadora de talentos.

Experiência não falta a quem passou 43 anos na maior produtora e player do país, a TV Globo, circulando de set em set e respondendo também como diretora-geral e artística de novelas e séries. Saraceni foi a primeira mulher a assumir posto de direção de núcleo na emissora.

Girassoal Azul, a produtora de Saraceni, já tem 25 anos de vida e foi fundada com a figurinista Gogoia Sampaio, mas a empresa tomou novos rumos com a saída da diretora da Globo e com a chegada de uma terceira sócia, Adélia Sampaio. Juntas, as três usam seus conhecimentos e expertise para criar produtos de variados formatos, incluindo ficção, documentários, reality shows e conteúdos publicitários.

“Minha paixão sempre foi roteiro”, conta a diretora ao blog, lembrando que seu início no ofício foi motivado pelo prazer de contar histórias. “Ser levada para a direção no audiovisual foi algo que entrou no processo da TV, mas agora estou retomando o início da minha formação profissional, que é ensinar a redigir sinopses, roteiros, e juntar isso com as minhas vontades pessoais de contar histórias.”

Denise ensaiando cena com Claudia Abreu em ‘Cheias de Charme’. Foto: João Cotta/Divulgação

Saraceni afirma que a produtora se apoia em dois modelos de funcinamento:
1. “Aproximar as pessoas de mim para que elas me acompanhem no desenovlivmento das ideias, esturutrar as ideias no roteiro e num roteiro viável de ser produzido nos dias de hoje, de modo  que a ideia não se perca na escrita. Às vezes os nossos roteiristas não têm muita prática ou noção de como se realiza aquela sequência ou aquela história.”
2. “Desenvolver e produzir novas ideias”, como qualquer produtora de audiovisual.

Nesse sentido, a diretora não dá nome aos bois, mas adianta: “Estamos trabalhando em um projeto de dramaturgia, dois projetos de talent show e um projeto de reality, que também envolve marketing. A ideia é depender menos do dinheiro público e mais de empresas, que possam colaborar para esses projetos.”

“Minha intenção é que jovens talentos consigam falar de suas produções, e de fato produzi-las, fazendo com que elas cheguem a lugares maiores. É promover novas oportunidades a um mercado cada vez mais inquieto e em constante mudança. Quero auxiliar esses talentos, levando a eles um pouco da minha experiência na área.”

“Também temos aqui os meus projetos, e agora tenho três: uma série longa, e dois filmes, sendo um deles de comédia. Vou começar a apresentar esses projetos [ao mercado] agora.”

Após quatro décadas de Globo, onde, de certa forma, tudo funcionava com o conforto de uma grande empresa que prevê os investimentos de qualquer projeto aprovado no papel, Saraceni sabe que o mundo aqui fora funciona diferente. “Dentro da Globo tudo estava mais perto, era só pegar a minha pasta e ir de uma sala para outra”, admite. “A parte de criação não estava ligada com a do marketing, mas estava tudo lá dentro.”

Na fase atual, tudo funciona separadamente. “A gente pensa no projeto e depois vai atrás das grandes empresas de streaming, planejamos as vendas. O tempo das produções é perigoso também, porque elas não acontecem imediatamente. Você pensa e depois vende, passa por todas negociações, mas a ideia original já vem lá de trás”

Saraceni está atenta ao desafio de projetar um enredo calculando esse longo prazo para que o script não esmoreça ou perca o ineditismo até chegar à tela.

 

APOSENTADORIA? QUE NADA

Quando começou a fazer a novela “A Lei do Amor”, de Maria Adelaide Amaral, em 2017, a diretora sinalizou com a grande expectativa de se aposentar, mas, na prática, o plano se mostrou pífio.

“É impossível curtir a vida sem criar”, admite. “Mas me aposentei de algumas coisas, como trabalhar 24 horas por dia, dirigir sets extremamente complexos. Agora posso respeitar o meu tempo de criar, trabalhar da forma como eu quero, pensar nas minhas demandas de criação, tudo isso acontece de uma outra forma, com mais liberdade.”

Interessado em fazer parte do projeto de incubadora da Girassol Azul podem saber mais pelo site girassolazularte.com.br/ .

Neste hall estão inclusos roteiristas, diretores e produtores do audiovisual, especialmente com produções voltadas para as plataformas digitais e TV.

Denise Saraceni teve seus nomes nos créditos de mais de 20 novelas, 11 minisséries, 6 especiais de teledramaturgia, além de diversos filmes e peças teatrais. Esteve em “A Lei do Amor” (Direção Geral e Artística), em 2016 e 2017, “Geração Brasil” (Direção Núcleo), em 2014, no remake de “Saramandaia” (Direção Geral e Núcleo), em 2013, “Cheias de Charme” (Direção de Núcleo), 2012, “Passione” (Direção Geral e Núcleo), 2010 e 2011, “Belíssima” (Direção Geral e Núcleo), 2005 e 2006, “Da Cor do Pecado” (Direção Geral e Núcleo), em 2004, “Sabor da Paixão” (Direção Geral e Núcleo), em 2002 e 2003, e no remake de “Anjo Mau” (Direção Geral), em 1997 e 1998, entre outras.

Foto: Fernando Torquatto

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