Autor de ‘Da Cor do Pecado’ lembra preconceito à mocinha negra em 2004
Se hoje o título da novela “Da Cor do Pecado” é questionado pelo cunho racista, a ponto de o canal Viva evitar pronunciar o nome da obra nas chamadas da reprise lançada nesta segunda-feira (19), o autor do folhetim, João Emanuel Carneiro, lembra que sofreu preconceito na época em que criou a história, por fazer de Taís Araújo a primeira mocinha negra de uma novela na Globo.
“Me lembro que enfrentei preconceito de muita gente que se dizia insultado por eu ter criado uma mocinha negra (ou preta) mas foi uma iniciativa importante na época, a primeira protagonista negra”, disse ele ao TelePadi.
Questionado pelo blog sobre a iniciativa do canal de inserir uma cartela avisando que a novela “reproduz comportamentos e costumes da época em que foi realizada”, o autor afirma: “Acho que as falas racistas da Bárbara são justificadas porque saem da boca da vilã. Quanto ao título , era uma homenagem à música, pode ser que nos dias de hoje soe um pouco anacrônico , de época mesmo.”.
Composição de Bororó, a gravação usada na novela era, aliás, de Luciana Mello, também negra, como a mocinha do enredo.
“Da Cor do Pecado” foi a primeira novela de Carneiro como autor titular e alcançou grande sucesso. Exibida na faixa das sete, tinha audiência digna de novela das nove, com mais de 40 pontos de audiência. Convém notar ainda que ela foi reprisada na Globo, TV aberta, pelo Vale a Pena Ver de Novo, em duas ocasiões, 2007 e 2012, sem ter sido alvo do debate que norteia sua exibição no Viva atualmente.