Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Band relembra 1º debate à presidência na TV brasileira

Leonel Brizola e Mario Covas diante da mediadora Marília Gabriela no debate de 1989, primeiro para a presidência da República na TV brasileira/Reprodução BandNews

Não havia dezenas de regras que restringissem mostrar a expressão de um candidato enquanto seu adversário falava. Não se pensava, ainda, em fechar o microfone dos desobedientes que continuavam a falar após o seu prazo de resposta, réplica ou tréplica vencer. E não havia, ou não com tanto peso e artificialidade, a figura do marqueteiro político.

Em 1989, os marqueteiros eram os próprios candidatos. Ou se tinha oratória ou não se tinha nada, nem uma pergunta a fazer, como aconteceu em determinado momento com Aureliano Chaves, que nem seu tempo queira usar para dar qualquer recado.

É mais do que nostálgico rememorar o primeiro debate entre candidatos à presidência da República no Brasil diante das câmeras, realizado em 1989, quando se completavam 29 anos sem que o brasileiro escolhesse seu chefe de nação pelo voto.

A Band refez essa trajetória com um documentário exibido no seu canal pago de notícias, o BandNews, e bota o assunto em pauta no Canal Livre deste domingo, 28, a partir de 0h, com apresentação de Rafael Colombo e participação de Fernando Mitre (que estava lá naquele estúdio em 89) e do cientista político Fernando Schüler.

O encontro reuniu 9 dos 11 candidatos convidados pela Band, e não havia lei eleitoral que na época impusesse à emissora convidar todos os aspirantes ao posto. Faltaram Ulysses Guimarães, pelo PMDB, e Fernando Collor, pelo PRN, então já liderando as pesquisas de opinião pública para intenções de voto.

Vemos a eloquência de um Mário Covas, de um Paulo Maluf, de um Leonel Brizola, de um Lula, de um Ronaldo Caiado, sem falar na mais competente das mediadoras, Marília Gabriela. Ninguém se comportava como se estivesse lendo teleprompter. Havia ainda Aureliano Chaves, Roberto Freire e Guilherme Afif Domingues.

Aqui vai o link para o documentário exibido pela BandNews. Eu, que particularmente sou apaixonada pelo assunto, digo que vale a pena rever, e penso que o tema possa ainda ser alvo de uma produção mais demorada, dando voz a outros personagens que pudessem esmiuçar melhor o contexto da ocasião. É um material com potencial maior do que o resultado ali alcançado.

Pena que Marília Gabriela não tenha sido ouvida. Ela foi procurada pela produção, mas estava em viagem e disse ao blog que de fato houve um desencontro. Mas sua ótima performance na ocasião, mulher que foi capaz de domar nove homens vaidosos e ciosos de suas plataformas, foi bastante mencionada pelos entrevistados no programa.

 

 

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Cristina Padiglione

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