Betty Faria diz que ‘odiava Porcina’, papel que recusou: ‘Hoje ela estaria na frente do Alvorada’
Primeira Porcina da adaptação da peça de Dias Gomes, “O Berço Do Herói”, para a TV, na novela “Roque Santeiro”, Betty Faria revelou a Pedro Bial nesta terça-feira (14) que “odiava” a personagem.
Betty gravou vários capítulos da novela em 1975, quando a produção foi censurada, às vésperas da estreia, pelo governo de Ernesto Geisel.
Dez anos depois, quando João Figueiredo encerrou o período militar na presidência da República, dando início ao processo de redemocratização, então com o primeiro presidente civil em 21 anos, a Globo tirou “Roque Santeiro” da gaveta, mas teria de regravar tudo desde o início.
Betty, no entanto, não ficou com o papel, como se sabe, encarnado por Regina Duarte. Sinhozinho Malta permaneceu nas mãos de Lima Duarte, como em 75, e Roque também mudou de intérprete: em vez de Francisco Cuoco, o personagem ganhou a voz de José Wilker.
“Eu odiava a viúva Porcina, eu achava ela de quinta, era uma pessoa detestável, ela hoje estaria naquele grupo que fica lá na frente do palácio da Alvorada, de bandeira, eu tinha implicância com ela”
Não deixa de ser engraçado notar que Porcina, a fictícia, faz jus à imagem de militante bolsonarista, e endossa tal condição no físico de sua intérprete, que chegou a ser secretária da Cultura do governo.
Betty disse ainda que Porcina veio em um momento muito traumático para ela, o que certamente aumentou seu índice de rejeição à personagem. “Houve um motivo muito sofrido pra mim afetivamente porque quando eu gravei, o meu filho estava bebezinho, eu deixava com uma pessoa da minha confiança, a minha mãe ia lá pra casa, era uma violência deixar aquela criança e ir fazer a Porcina, que eu detestava. Eu gostava da Tieta, e anos depois eu fiz.”
“Tieta” foi adaptada da obra de Jorge Amado pelo mesmo autor que consagrou Porcina na TV, Aguinaldo Silva, responsável pela adaptação da peça de Dias Gomes para a TV durante a maior parte da novela de 85.
Recentemente lançada no GloboPlay, “Tieta” volta a fazer diferença no espaço que ocupa, com grande procura do público, como aconteceu no canal Viva, há dois anos.
Bial lembrou ainda os 40 anos de “Bye Bye Brasil”, filme de Cacá Diegues em que ela contracenava com Wilker e Fábio Jr., um enredo que aborda justamente a expansão da TV e a consequente perda de bilheteria dos espetáculos circenses que rodavam o país.