Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Briga entre José de Abreu e Regina Duarte evidencia quem apoia quem

José de Abreu X Regina Duarte levam para a classe artística o ringue em ação nas ruas

O feriado foi marcado por um duelo virtual feroz entre defensores de Regina Duarte versus defensores de José de Abreu, com uma parte da classe artística apoiando a atriz e uma fileira maior de colegas condenando sua escolha em apoiar o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), a quem ela visitou na última sexta-feira,com direito a foto publicada em seu perfil no Instagram.

Petista histórico, Abreu condenou, via Twitter, a publicação de notícias falsas praticada por Regina, que nunca votou no PT, e aproveitou para tornar público o fato de a atriz não mais decorar textos, recorrendo ao ponto eletrônico na hora de gravar ou subir ao palco.

Abreu viu seu perfil ser invadido por uma enxurrada de agressões, lembrando que certa vez, ao ser hostilizado em um restaurante, o ator cuspiu no rosto de seu agressor. Mas ressaltou a Regina que sempre respeitou seu voto, o que agora, no caso de um “fascista” que quer “matar” a categoria, não é possível tolerar.

“Nossos colegas, , sejam artistas, técnicos, gays, lésbicas ou heteros, estamos APAVORADOS com o advento do fascismo. Ninguém mais trabalha sossegado com essa ameaça de trevas sobre nossas almas sensíveis. Não é admissível um colega de tantos anos não respeitar isso!”, escreveu Abreu em seu Twitter.

O duelo serviu para endossar quem está do lado de quem nestas eleições. Desde 1989, quando o Brasil voltou a votar para presidente após 29 anos de jejum, não se via tantas personalidades tomando posição publicamente, seja por meio do #EleNão, que refuta a escolha por Bolsonaro, ou pela opção convicta por Fernando Haddad (PT).

Patrícia Pillar, que declarou voto no ex-marido, Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno, tem apoiado Haddad abertamente e refutou elegantemente o apoio de Regina a Bolsonaro, questionando se um candidato que prega o armamento poderia ser a melhor solução.

 

Mais contundentes foram as manifestações de Johnny Massaro, Pedro Neshling e Gregório Duvivier (que publicou antiga foto de Regina com Fidel Castro, para rebater outra postagem da atriz, que estampou foto de Lula ao lado de Maduro e Fidel, acusando o PT de apoiar ditaduras).

Mika Lins também se manifestou contrariada com o apoio de Regina e lembrou que colegas foram torturados durante o regime militar por agentes elogiados por Bolsonaro.

Mas Regina recebeu também apoio de outros colegas, como Márcio Garcia, Susana Vieira, Luíza Thomé, Luma Costa, Thiago Rodrigues e Juliana Paes.

A defesa pública por Haddad, ou “pela democracia”, como consta em um dos manifestos endossados por artistas e intelectuais, reúne nomes como Wagner Moura, Camila Pitanga, Beth Carvalho, Patrícia Pillar, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fernanda Torres, Leandra Leal, Maria Ribeiro, Paulo Betti, Alcides Nogueira, Bruno Garcia, Letícia Sabatella, Marcelo Serrado, Júlio Andrade, Fernanda Lima, Arrigo Barnabé, Karine Carvalho, Flávia Lacerda, Elisa Lucinda, Olivia Byington, Humberto Carrão, Zezé Polessa, Sônia Braga, Maria Casadeval, Sophie Charlotte, Dira Paes, Gisele Fróes e Ana Cañas, entre outros.

De seu lado, Bolsonaro já recebeu apoio público de Carlos Vereza (que, como Regina, sempre votou no PSDB), Emerson Fittilpaldi, Ratinho, Roger Moreira (Ultraje a Rigor), Danilo Gentili,  Amado Batista, Eduardo Costa, Gusttavo Lima, Pepê e Neném, Buchecha e Sérgio Reis.

Intelectuais e classe artística normalmente se alinham a candidatos de esquerda, campo que tradicionalmente valoriza mais a política cultural.

Em 89, um videoclipe histórico, “Lula-lá”, reuniu 90% de artistas da Globo e dos principais músicos brasileiros em prol do então candidato do PT.

 

Mas artistas como Cláudia Raia e Marília Pêra, na contramão, eleitoras de Fernando Collor, foram desprezadas por colegas e militantes, que chegaram a depredar o saguão do teatro onde a atriz estava em cartaz, na época. Na propaganda eleitoral, Marília apareceu recitando um poema que pedia: “Não patrulhe e não se deixe patrulhar”.

 

 

Em 2002, na véspera da vitória de Lula, Regina Duarte já gerava controvérsias na classe artística e entre o público, ao protagonizar um vídeo para a campanha de José Serra, então candidato pelo PSDB, dizendo que tinha “medo” do desastre econômico que poderia desabar sobre o Brasil, caso Lula fosse eleito.

No dia seguinte, Paloma Duarte – que não é parente de Regina, e sim filha de outra atriz, Débora Duarte – apresentou-se no horário eleitoral do PT para refutar o discurso da colega.

 

Memes e afins

Os duelos da vez, no entanto, contam com um diferencial em referência ao patrulhamento citado lá atrás por Marília Pêra, e nada é capaz de frear a criatividade e a agressividade das redes sociais. Ainda no sábado, em meio ao bate-boca entre José de Abreu e Regina Duarte, houve quem dissesse que queria ver uma novela com os dois, mais Patrícia Pillar.

 

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Cristina Padiglione

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