Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

Canais HD chegam a 80 na NET e na Claro TV, endossando transição tecnológica

Maria Bethania na série 'Poesia e Prosa', biscoito fino produzido pela Cinegroup para o Canal Arte 1, uma das novas sintonias duplicadas em SD e HD.

Pelo menos cinco novos canais em HD, ou Hight Definition/Alta Definição, entraram no line up das operadoras NET e Claro HDTV só em abril: Syfy HD, Arte 1 HD, Studio Universal HD, BandNews HD e TV Gazeta. As duas operadoras do maior grupo de assinantes do País totalizam, assim, 80 canais em alta definição cada uma. No espectro SD (Strandard Definition), cada uma das operadoras oferece mais de 145 canais.

Como exemplo de um processo de transição tecnológica que pede planejamento e investimentos, a NET lançou 21 canais pagos em HD de 2015 para cá, e a Claro HDTV, 37, no mesmo período. Os canais vão, aos poucos, sendo duplicados para os dois formatos, de acordo com o interesse do assinante, os investimentos do próprio canal e a conveniência de cada conteúdo. É compreensível, nesse contexto, portanto, que canais premium de filmes e canais de esportes tenham saído na frente na corrida pela Alta Definição.

Na esfera de uma Globosat, por exemplo, sintonias como GNT, Multishow e SporTV se anteciparam ao Viva, que agora também já está disponível em HD, embora disponha ainda de muitas produções realizadas antes do advento da TV digital, como é o caso de “Pai Herói”, novela de 1979, em fase final de exibição. Produzida para o formato de standard definition, SDTV, a trama de Janete Clair foi feita para ser transmitida em formato de 704×480 linhas, com proporção de tela de 16:9, o que caía razoavelmente bem no sistema analógico. Mas, enquanto no analógico cada imagem que forma o vídeo (frame) é composta por 307 mil pixels, no HDTV o número de pixels esbarra em 2 milhões. Por isso é que “Pai Herói”, como as produções mais antigas, ganha um formato ligeiramente achatado na tela do Viva HD. Em compensação, a maior parte das produções exibidas pelo canal já foi produzida para HD, o que justifica sua duplicação em SD e HD, deixando a opção ao gosto do freguês.

Essa conversa parece muito técnica, mas a verdade é que o assinante dos pacotes HD bem conhece a diferença entre um NatGeo em SD e seu similar em HD. A duplicidade de canais vai perdurar por longa temporada, ainda, considerando que sempre haverá canais nostálgicos com produções exclusivamente em SD, caso do TCM, por exemplo, abastecido por filmes antigos. Ver seus longas-metragens distorcidos numa tela de transmissão em HD não seria um ganho.

Em outros casos, o canal pode ser lançado diretamente para o pacote de alta definição, como aconteceu recentemente com o Food Network na NET HD.

Para as emissoras, outro interesse em investir na versão em HD é saber que o assinante desses pacotes adquire cada vez mais frequência no hábito de zapear no line up onde estão concentrados os canais de melhor imagem, sem muita disposição para vasculhar o que pode ter sobrado na fileira de números mais baixos, onde estão os canais SD. Para a BandNews, por exemplo, que até outro dia tinha transmissão exclusiva em SD, a chegada ao grupo dos canais HD é um incentivo à sua audiência, prevendo que aquele assinante já habituado à oferta do HD não há de recuar 500 canais para encontrar um canal de conteúdo factual. O assinante interessado em filmes e séries antigas, aí sim, buscará sua opção onde ela estiver.

Assim caminha a transição tecnológica. Haverá o dia em que todos os canais serão de alta definição (e uns já serão em 4K, de altíssima definição, enquanto outros ainda estarão no HD mais básico). As produções em SD ficarão então restritas ao conteúdo nostálgico, dito vintage, e por isso tratado com a devida deferência de memória da TV, assim como a TV em cores, após uma transição que durou mais de três décadas, se materializou para todos e as imagens em Preto-e-Branco passaram a ter status de relíquia.

 

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Cristina Padiglione

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