Globo resgata atenção às crianças ao levar Gloob à GloboPlay
Seis anos depois de botar um fim à sua programação infantil diária, a Globo encontra um caminho melhor do que delegar esse conteúdo apenas à TV paga, segmento que contempla somente um terço da população brasileira. A internet, afinal, há tempos já mostrou que veio para fazer muito mais diferença ao comportamento do mercado de audiovisual do que a TV por assinatura, até por uma questão de custo-benefício. O caso é que o Gloob, canal pago da Globo para atender à criançada, passou a ter seus principais programas disponíveis na GloboPlay, plataforma de vídeo sob demanda da TV Globo.
Não por acaso, é o único canal da Globosat (incluindo seu derivado, o Gloobinho, para idade pré-escolar) que ganhou espaço no serviço de streaming da TV aberta do grupo. Para quem ambiciona abocanhar terreno entre os hábitos difundidos por Netflix e afins, como é o caso do grupo Globo, a lacuna marcada pela falta de conteúdo infantil era gigantesca. A presença do Gloob na GloboPlay sinaliza ainda que a futura plataforma sob demanda do grupo, que promete abranger programas da Globosat e da Globo, incluindo títulos inéditos e de acervo, tem na ala infantil um importante segmento.
Quando a Globo trocou o TV Globinho pelo “Encontro com Fátima”, de segunda a sexta, ainda em 2012, devia já ter notado o potencial do entretenimento infantil para muito além da tela da TV. O papel que a televisão desempenhou por muito tempo como “babá eletrônica”, em domicílio, já começava a se expandir para tablets e smartphones em mesas de restaurante, salas de consultório, viagens na estrada ou onde mais alguém precisasse entreter uma criança por algum tempo.
Mas a Globo, à época, pensou pequeno. Retraiu-se diante da legislação que proíbe publicidade infantil na TV aberta e abandonou o barco, alegando desde então que isso caberia ao seu novo canal pago infantil, o Gloob. O caso é que o Gloob também chegou à TV paga com um pouco de atraso – quando nasceu, ainda em junho de 2012, o Discovery Kids e o Cartoon Network já lideravam a TV por assinatura no Brasil, quadro que prevalece até hoje.
O único canal aberto que mantém espaço exclusivamente voltado às crianças é o SBT – com a programação matinal e a novela das 20h30. A TV de Silvio Santos tem ótimo retorno de audiência com essa aposta, mas ainda não consegue reverter os índices em dinheiro, justamente pelas restrições à publicidade infantil – aliás, na ânsia de vender para menores, a emissora já foi advertida por mais de uma vez por Ministério Público e Conar, com penas que podem lhe render multas.
É certo que as crianças, normalmente donas do controle remoto de casa, arrastem para o SBT uma boa parcela de público adulto, agregando valor final à toda a grade do SBT e, por conseguinte, às receitas publicitárias conquistadas entre os maiores de 18.
O SBT, no entanto, ao contrário da Globo, não cuida de uma plataforma que chegue sequer perto ao que é a GloboPlay. Na Record e na Band, acontece o mesmo descaso. No fim das contas, os erros da Globo nessa trajetória ainda são irrisórios quando comparados à absoluta falta de planejamento e investimento da concorrência no Brasil. Aliás, a Globo, ultimamente, só se mexe em função das apostas estrangeiras por aqui, como Netflix, HBO e FOX. Se dependesse de SBT, Record e Band, possivelmente até a Globo estivesse estacionada.
Menu tem título inédito
Um aviso bacana: a chegada do Gloob à GloboPlay vem coroada pela estreia de um bom produto inédito, a série “Escola de Gênios”, produzida pela Mixer, que ainda não tem data para estrear no canal de TV. Mas isso é assunto para um outro post. O menu na GloboPlay tem ainda produções como “Os Valentins”, de Cláudia Abreu, com ela e Guilherme Weber, e a já longeva “Detetivse do Prédio Azul (D.P.A.)”, além de títulos internacionais adquiridos pelo Gloob, como “Angry Birds”.