CNN Brasil tenta reverter crise com Gabriela Prioli
Citada como bom exemplo de equilíbrio editorial no noticiário da CNN Brasil, Gabriela Prioli anunciou que estará só nas redes sociais “por enquanto”, sinalizando um pedido de demissão do canal. Estamos tentando ouvi-la sobre o episódio, enquanto a CNN Brasil, que não confirma nem nega o fato, tenta reverter a situação.
Neste domingo (29), Gabriela publicou um texto em suas redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram), sem mencionar o canal, registrando constrangimento pelo fato de ter de se “posicionar cobrando respeito” ao seu “espaço de fala” em “mais de uma ocasião”.
Reiterou, como fez no ar, sexta-feira (27), quando foi muito interrompida por Reinaldo Gottino, que ali deveria fazer o papel de mediador, que não pode equiparar “achismo” com comprovações científicas”.
O debate, na ocasião, com Tomé Abduch, era sobre a Justiça autorizar a prisão domiciliar para o ex-deputado Eduardo Cunha. Enquanto Gabriela dizia que não era possível dissertar sobre “achismos”, Gottino a interrompeu para discordar: disse que, ao embasar seus comentários em dados técnicos, ela estaria dando uma “opinião pessoal”, o que Gabriela tentou refutar, novamente sendo interrompida por Gottino.
Na terça-feira (24), em um debate sobre a decisão de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) suspender o trecho da medida provisória que previa a interrupção de contratos trabalhistas por até quatro meses devido à pandemia, Gabriela foi bastante interrompida por Abduch.
Originalmente, o debate da seção deveria ocorrer entre ela e Caio Coppola, ex-Jovem Pan, que apresentou sintomas de Covid-19 logo na semana de estreia, sendo substituído por Abduch.
Mestre em direito penal pela Universidade de São Paulo e professora na pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Gabriela defende a ciência e os fatos como base para suas análises. Eis aqui a publicação dela nas redes sociais, prevendo que este será o espaço de debates e reflexões entre ela e seus seguidores, “por enquanto”.
“Queridos antigos e novos amigos, os últimos dois dias foram de muita reflexão.
Não é fácil ser firme no início de um projeto profissional, mas é impossível não me comportar segundo aquilo que eu defendo, apesar das possíveis consequências.
Eu digo a vocês, de forma reiterada, para se posicionarem, serem firmes e não cederem diante de comportamentos que vocês considerem inadequados. Se agora, quando a vida demanda isso de mim, eu agisse de outra forma, estaria sendo hipócrita.
Em mais de uma oportunidade tive que me posicionar cobrando respeito ao meu espaço de fala. É preciso ser mais contundente.
O meu compromisso é com um debate racional, prospectivo, informativo e respeitoso.
Não consigo atingir o meu objetivo se for constrangida e não posso seguir participando do debate sem que a convicção sobre a gravidade do constrangimento não seja só minha, mas de todos os envolvidos, na frente e atrás das câmeras.
Não posso legitimar que o achismo seja equiparado ao conhecimento científico nem contribuir para acirrar a polarização.
Seguirei, por enquanto, dividindo com vocês as minhas análises nas minhas redes e pensando em outras formas para podermos interagir e evoluir com qualidade. Nessas últimas duas semanas o nosso grupo cresceu e isso me traz profunda satisfação. O meu maior prazer é essa troca que tenho com vocês. Fica aqui então o meu muito obrigada.
Nos posicionar é a forma que nós temos de conscientizar o mundo daquilo que nós consideramos fundamental.
Gabi”