Por Cristina Padiglione | Saiba mais
Cristina Padiglione, ou Padi, é paga para ver TV desde 1990, da Folha da Tarde ao Estadão, passando por Jornal da Tarde e Folha de S.Paulo

CNN ressuscita iniciativa de canal no Brasil, agora com ex-chefão da Record

O jornalista Douglas Tavolaro era vice-presidente da Record / Divulgação

A CNN anunciou nesta segunda-feira que vai lançar um canal em português no Brasil para TV paga e plataformas digitais. Não é a primeira nem a segunda vez que o grupo manifesta o desejo de operar um canal no país. Ao longo dos últimos 20 anos, algumas incursões foram feitas nesse sentido, inclusive com a contratação de profissionais e o ensaio de parcerias com grupos locais, sem resultado.

Dessa vez, no entanto, a iniciativa chega formalizada pela fundação de uma empresa que une o ex-vice-presidente de Jornalismo da Record, Douglas Tavolaro, também conhecido como biógrafo de Edir Macedo, e Rubens Menin, nome da área da construção civil, fundador e presidente do Conselho de Administração da MRV Engenharia, a maior construtora residencial e imobiliária do Brasil, do Banco Inter e da LOG Commercial Properties.

Os dois comunicam sociedade em um novo grupo de mídia no Brasil, a CNN Brasil, nome licenciado para ser uma programadora operada por meio de um acordo de licenciamento de marca estabelecido com a CNN International Commercial (CNNIC), que abrange acesso a certas propriedades, incluindo conteúdo da CNN International. A nova empresa não informa qual o prazo do acordo de licenciamento do nome.

O canal estaria em adiantado estágio de produção, com previsão de entrar no ar ainda no segundo semestre deste ano. Na TV, no entanto, isso depende de negociações com as principais operadoras de TV paga, em transações que serão assumidas pela própria Turner. Dona de 14 canais pagos distribuídos no país, a Turner se livrou de uma de suas operações, o canal Esporte Interativo, em agosto do ano passado.

O TelePadi aguarda um retorno de Tavolaro para obter mais detalhes sobre a operação. Por enquanto, sabe-se que será um canal feito por brasileiros, para brasileiros, com 24 horas diárias de transmissão e estimativa de contratar 400 profissionais. A nova empresa planeja ter escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Também está prevista a contratação de correspondentes no exterior. A CNN International e a CNN en Español continuarão disponíveis no Brasil, com operações completamente independentes da nova CNN Brasil. Mas um dos motivos que incentiva a criação de um canal da grife no país é justamente a falta de audiência da CNN en Español, mais até que da CNN International. Embora seja voltada para a América Latina, a emissora fala outra língua e não se mostra atraente para os brasileiros, sendo hoje oferecida em pouquíssimos pacotes de TV paga.

No comunicado enviado pela assessoria de imprensa contratada pelo novo grupo, Tavolaro diz que “a CNN é um ícone global e a parceria com essa marca é o sonho de um jornalista se tornando realidade.” Para Menin, novo no ramo da comunicação, “o objetivo é contribuir com a democratização da informação no Brasil”. “Um país com uma sociedade livre e desenvolvida só é construído com uma imprensa plural”, afirma.

Em março de 2017, a CNN tinha avançadas negociações com a RedeTV!, como noticiamos neste blog,  para usar a estrutura da emissora em mais uma tentativa de fazer a CNN Brasil. O ensaio da parceria, no entanto, foi interrompido pela compra da Warner Bros., grupo ao qual a Turner pertence, pela AT&T, só aprovada nos Estados Unidos em junho passado, mas ainda instável no Brasil. Pelas leis locais, um mesmo grupo não pode ser dono de operadora de TV e programadoras de TV (canais), caso da AT&T, aqui proprietária da Sky e desde junho, dos canais Turner.

A Turner aposta que conseguirá reverter essa regra, mas quando a Lei da TV paga (12.485/2011) entrou em vigor, em 2012, a Globo se desligou da sociedade da NET para atender às novas normas e se manter dona apenas de programadora (Globosat). A reversão da legislação abrirá precedentes para outras fusões.

Para a Turner, Tavolaro passa a ser um nome bem relacionado com o novo governo. Ele acompanhou pessoalmente a entrevista do presidente Jair Bolsonaro, quando ainda candidato, exibida pela Record enquanto a Globo exibia o último debate eleitoral, ainda em outubro. De lá para cá, as relações com a Record só melhoraram, sempre tendo o então vice-presidente de Jornalismo como intermediário.

 

Em tempo: Antonio Guerreiro, até aqui responsável pelas plataformas digitais da Record, assume a vice-presidência de Jornalismo da rede de Edir Macedo, no lugar de Tavolaro,

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Cristina Padiglione

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